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A Mineração Depois de Brumadinho

por Pedro Jacobi



Nestas últimas duas décadas eu e um ousado grupo de executivos brasileiros saímos em busca de investidores para a mineração e a pesquisa mineral brasileira.
Com os mapas nas pastas, o notebook cheio de apresentações e as ideias na cabeça nós invadimos, literalmente, todos os escritórios de brokers, bankers e investidores possíveis na China, Austrália, Europa e América do Norte.

Na época competíamos com os Canadenses, Australianos e Sul Americanos por um volume de capital fixo. Tínhamos que matar leões a cada hora e apagar fogueiras o tempo todo.

Como fazer um investidor colocar milhões no interior de um país com a reputação que o Brasil tinha?


Nós vendíamos não só os nossos projetos, intelecto e pessoal, mas, principalmente o Brasil.


Esse foi o verdadeiro Brazilian Storm.


E, apesar de tudo, nós conseguimos.


Fundamos empresas no exterior, lançamos nossas ações nas bolsas e capitalizamos as nossas empresas. Juntos trouxemos centenas de milhões de dólares em investimentos ao nosso país.


Nunca o Brasil viu tanto investimento em pesquisa mineral em toda a sua história.


Era dinheiro no chão — dólares que geraram um rosário de descobertas minerais com valor presente (NPV) de dezenas de bilhões de dólares. Adicionamos riquezas onde nada existia, geramos milhares de empregos e estávamos mudando a história da mineração e da pesquisa mineral para melhor.


Então o mundo ruiu. Veio a Dilma, o Lobão a ganância e a corrupção.


Em poucos anos o descaso e a incompetência governamental afastou os investidores. Fomos arrasados pelo desemprego e o setor mergulhou em uma crise nunca vista.


Agora, quando estamos mais uma vez, tentando emergir deste longo inverno com a promessa do retorno dos investimentos e de importantes mudanças favoráveis ao setor mineral, o nosso mundo, mais uma vez, entra em colapso.


E você sabe quem é a responsável por mais essa gigantesca catástrofe?


A maior mineradora do Brasil e uma das maiores do mundo — A Vale.

a lama da Vale mata
 

A incompetência da Vale, ao não investir na qualidade, na prevenção e no seu pessoal, é a responsável pela maior catástrofe da mineração de nossa história.


Uma incompetência que matou centenas e está enterrando, junto com a própria empresa, todo o nosso setor.


É o fogo amigo — vindo exatamente de onde não poderia vir.


Em poucas horas a Vale destruiu um trabalho de décadas.

 
Se a reincidente Vale tivesse investido em uma equipe multidisciplinar de qualidade com geólogos, geofísicos e engenheiros cuja função seria a de uma contínua auditagem em TODAS as suas barragens isso não teria acontecido. Por mais que a mineradora tente negar e colocar a culpa em empresas contratadas é dela a responsabilidade final e é ela que aprova os laudos feitos internamente e por terceiros.

 
Faltou qualidade. E agora a sociedade vai pagar pelo erro de poucos.


O desastre causado pela incompetência da Vale vai causar, também, o desabastecimento, que será inevitável com a paralisação de minas e da pesquisa mineral.

Mais uma vez os investidores serão afugentados do Brasil e a mineração como um todo será antagonizada e odiada — agora pelo povo brasileiro.

Em consequência disso deixaremos de descobrir novas jazidas e as minas, que irão se exaurir no futuro próximo, não terão substitutas.

O desemprego vai aumentar afetando não só a mineração, mas os serviços e o comércio.
Em breve teremos que importar commodities e minerais que poderíamos estar produzindo. Os preços irão subir alavancando a inflação e, no final desta corrente negativa, o povo (sempre ele) vai pagar a conta.


Por tudo isso agradecemos à Vale e ao seu fogo amigo.



 






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