Vim, vi e venci: Evo Morales leva US$ 100 milhões anuais do Brasil

E Evo Morales, então, veio ao Brasil, viu seu amigo Lula e o venceu: graças à leniência brasileira, a Bolívia conseguiu um reajuste de cerca de 8% no gás, subindo de US$ 4,20 por BTU para algo entre US$ 4,33 e US$ 4,54, a depender da estimativa. A pressão era para que o preço subisse aos US$ 5 pagos pela Argentina a La Paz, mas isso não se concretizou. O pior de tudo, cá entre nós, não é o aumento: é o precedente que ele causa.

Explicando melhor: a partir de agora, sempre que o ditador boliviano ou qualquer outro fornecedor brasileiro sentir-se injustiçado com os preços recebidos, poderá, mediante uma leve pressão política, quebrar o contrato e obter um reajuste. Uma outra cláusula dos contratos reajustou o gás da termelétrica de Cuiabá em 253%, aumento esse que terá sua implicação na tarifa cobrada do consumidor - e aí já são outros 44 milhões de dólares para a Bolívia.

Vale ainda mostrar a argumentação estapafúrdia do governo brasileiro: o presidente Lula chamou o reajuste de "generosidade" para com a Bolívia, enquanto o ministro Silas Rondeau declarou que o acordo se justificava por questões geopolíticas, dizendo que "não queremos ter um país ao lado com problemas". Dá para traçar um paralelo com uma criança mimada, se preferirem. Só não dá é para se conseguir uma explicação racional para essa generosidade prestada com o nosso dinheiro.