Vale prepara ofensiva para cima da Xstrata

No final da semana que se encerrou, aumentou a boataria em torno de uma possível oferta formal da Vale pela suíça Xstrata, com fontes ligadas à empresa informando que a brasileira está nos estágios finais da formação de um consórcio de bancos para financiar a transação.

Pelo apurado, a Vale já teria o "ok" de HSBC, Credit Suisse, Citigroup, Santander, BNP Paribas, Barclays e RBS, que emprestariam à empresa um valor que pode chegar a US$ 90 bilhões. Verdade ou não, na sexta-feira os papéis da Xstrata na bolsa de Londres tiveram uma valorização de 8,6% em razão dos rumores de que a oferta da Vale era iminente.

O grande impasse enfrentado pela Vale é o de manter o grau de investimento, especialmente agora que uma recessão nos EUA é esperada. Segundo analistas, o melhor é oferecer o máximo possível em papéis da Vale e o mínimo em dinheiro, procedimento que reduziria o tamanho da dívida necessária para fazer a aquisição, mantendo, assim, o grau de investimento - condição imprescindível para que os bancos emprestem o dinheiro necessário para adquirir a Xstrata.

Sobre o controle acionário, uma vez que a mineradora brasileira tem ações ordinárias e preferenciais, a intenção é oferecer majoritariamente as últimas, sem direito a voto. Em negociações que acontecem há semanas em Londres, a Vale tenta convencer os donos da Glencore, maior acionista da Xstrata (detém 35% do capital), a aceitar um pacote de ações preferenciais como pagamento. Informações da "Exame" dão conta de que essa possibilidade aumentou nos últimos dias.

Uma compra da Xstrata pela Vale faria da brasileira uma empresa de US$ 220 bilhões em valor de mercado, ganhando consideravelmente ativos de carvão, cobre e zinco, diversificando ainda mais seu portfólio - o que vem sendo feito paulatinamente desde a aquisição da Inco, em outubro de 2006. Não se descarta, todavia, que os executivos da Vale desistam de fazer a proposta, dado o risco da operação - quatro vezes maior que a aquisição da canadense Inco. Mas até o final do mês, a movimentação continuará. E que não se duvide de nada...