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Kiruna: um depósito de ferro que quebra todos os paradigmasPublicado em: 13/10/2009 10:59:00 Por
Pedro Jacobi Kiruna, no Norte da Suécia, é um depósito de ferro pouco
usual. Trata-se da maior e mais moderna mina de ferro subterrânea do mundo. Com estes atributos imediatamente pensamos em teores
absurdamente elevados, algo tipo Carajás com 64% de ferro "in situ"... Nada disso, Kiruna tem teores médios de apenas 48.3% de ferro e, incrivelmente um dos mais
elevados teores de fósforo entre todas as demais minas de ferro de grande porte
do mundo. Se qualquer minerador moderno pensar em lavrar um depósito de
ferro por meio de lavra subterrânea e teores de ferro de apenas 48% com fósforo
médio de 0.9% vão chamá-lo de louco ou coisa pior. Isso é Kiruna, um depósito de
ferro lucrativo que já produz há mais de 100 anos. No início, o depósito tinha 1,8 bilhões de toneladas que foram
lavradas desde o ano de 1890. Hoje ainda restam reservas da ordem de mais de 800 milhões de
toneladas de minério com 48%Fe. Em kiruna a lavra ocorre, nos dias de hoje a extraordinários
1.045m de profundidade. O minério de ferro de Kiruna, um magnetitito a apatita de
idade
Proterozóica, está hospedado em sienito pórfiro coberto por pacote de quartzo
pórfiros e sedimentos depositados a 1600Ma. O corpo tem 4000m x 80-120m e atinge
profundidades de 2000m. Trata-se de um imenso depósito de magnetitito associado a vulcânicas
Proterozóicas. Os Geólogos da mina acreditam que novos furos exploratórios
irão aumentar ainda mais as reservas da mina. Este magnetitito é lavrado em oito áreas de produção
individuais por sublevel caving, um método de custo operacional baixo que
permite, em Kiruna, blastings individuais de 8.500t. Este método de lavra permite um ROM de 26 milhões de toneladas
de minério que gera mais de 15 milhões de toneladas de pellets. É, sem
dúvida uma grande e bem sucedida lavra subterrânea de minério de ferro.
Ainda na mina o minério é transportado por sete trens de 500t
até um britador subterrâneo situado no interior da mina. Do britador, o minério
com menos de 100mm, é transportado, em duas etapas, ao nível 775 e para a
superfície. Apesar de tudo isso a empresa proprietária, a LKAB, ainda
investe pesado em Kiruna. O último investimento, da ordem de 1 bilhões de
dólares foi direcionado para uma terceira planta de pelotização e para novas
galerias de escoamento de minério que deverão aumentar a velocidade da saída do
minério com mais baixos custos. Por outro lado a cidade de Kiruna, com 23.000 habitantes,
situada em cima da mina, também chamada de "a cidade que afunda", está sendo,
gradativamente trasladada (veja
mais) para uma nova locação. Esta operação deverá durar décadas. Para nós, mineradores e exploracionistas, fica um sinal de
alerta que deve quebrar um velho paradigma sobre o minério de ferro no Brasil. Pense bem, compare e revise: é possível lavrar
economicamente, um depósito de 48% de ferro, com alto fósforo, a
profundidades superiores a 1000m
em região de infraestrutura
precária e de alto custo em
pleno círculo Polar. Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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