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Ferro: voracidade chinesa assusta empresários brasileirosPublicado em: 07/11/2010 20:02:00
Por
Pedro Jacobi Já era previsto. A "onda" chinesa acabou chegando às nossas
praias e, avassaladora, assusta muitos empresários brasileiros. Na batalha pelo
minério de ferro os chineses largaram na frente e, cansados de negociar em
desvantagem com a Vale e outros grandes mineradores, resolveram comprar minas e
ativos de minério de ferro no Brasil. Uma decisão sábia que mostra um novo desdobramento nesta
guerra pelo controle do ferro mundial. Conforme havíamos dito em muitas ocasiões (veja
), o Brasil e suas empresas estavam fazendo um erro enorme ao exportar
minério bruto, fino, lump, semi-processado e pellets, de baixo valor agregado, como se isso fosse um
grande negócio. Era frequente ver na mídia brasileira empresas alardeando estar
produzindo pelotas de minério como se essas pelotas fosse o supra-sumo da
tecnologia. Uma falácia. Pelotas ou pellets é coisa antiga e é vendida por menos
de 200 dólares a tonelada enquanto que o aço atinge a casa dos milhares de
dólares a tonelada. A exportação de produtos de baixa tecnologia como os pellets dá
espaço para outros players ganharem muito ao transformar esse produto em ferro, aço e,
finalmente em produtos industrializados acabados que voltam ao nosso País
muitíssimas vezes mais caros. Esta equação é tão gritante e clara que um dia, no
futuro, os estudantes irão perguntar perplexos a quem interessava dar as nossas
riquezas quase de graça aos estrangeiros...ou quem eram os executivos das nossas
empresas que optaram por rota tão desastrosa. Infelizmente exportamos muito minério de ferro sem valor
agregado nestas décadas. Finalmente o Governo Lula comprou essa briga e fez a Vale
reagir começando a investir, mais e mais, em siderurgia o que irá adicionar um
valor considerável ao nosso minério. Em poucos anos poderemos ser uma
potência na siderurgia mundial desequilibrando as siderúrgicas asiáticas que até
então são os grandes players mundiais do ferro e aço. Como era de se esperar os chineses, ao perceberem que estavam
levando a pior, mudaram a estratégia e ao invés de grandes importadores de
minério de ferro pensam em se tornar grandes mineradores e exportadores
contrapondo de forma inteligente a jogada brasileira. Em busca deste status já
investiram na África, Rússia, Austrália, SE da Ásia e, finalmente, no Brasil. A
idéia é exportar o minério exatamente para eles mesmos: a China. Aqui no Brasil, em questão de meses após a crise de 2008, eles
chegaram e começaram a agir. É o caso de grupos chineses como a Honbridge
e a ECE ( East China Mineral Exploration)
que chegaram comprando minas e depósitos de minério de ferro desconsiderando a
concorrência brasileira. O mesmo ocorreu com empresas como a Braziron Ltd,
detentora de grandes recursos de minério de ferro na Bahia, Pará e Piauí. Esta
empresa, controlada pelos acionistas do Grupo Octa-Majestic teve as suas ações
lançadas em IPO na ASX (bolsa da Austrália) compradas, praticamente todas antes
do lançamento por investidores chineses que só não compraram mais por que a
Braziron limitou o número de ações a serem vendidas. A voracidade dos investidores chineses reflete o fato de que a
espinha dorsal do crescimento chinês é o aço. Para manter o país crescendo como
vem ocorrendo serão necessárias muitas centenas de milhões de toneladas por ano
de minério de ferro. É esta agressividade nos negócios que começam a preocupar
muitos empresários brasileiros que chegam à mídia com discursos xenófobos como
foi o do principal acionista da CSN e Presidente da Fiesp Benjamin Steinbruch.
Steinbruch prega restringir o capital chinês na compra de minas de ferro e de
terras. Interessante pois este discurso com tons nacionalista/protecionista foi
o mesmo usado pela Alemanha Nazista na década de 40... O Brasil é um país democrático e posicionamentos como este não
devem ter respaldo na nossa sociedade. O Sr. Steinbruch deveria fazer a sua
empresa, a CSN, competir por esses ativos que estão sendo adquiridos pelos
chineses já que as reservas de seu maior depósito de minério de ferro, Casa de
Pedra, estão com os dias contados. O fato é que nós precisamos ser mais agressivos neste mundo
global. Todos estes depósitos de minério de ferro mencionados acima, da Octa-Majestic
à Votorantin foram, também, oferecidos, em primeira mão, aos grandes Grupos
nacionais como a Vale e a CSN entre outros. Elas declinaram e os chineses não. Será que isso faz dos
chineses os vilões ou os mocinhos desta estória? Veremos. Este é o primeiro ato
de uma peça que irá se prolongar por muitos anos. O que estamos vendo nada mais é do que um "gambito de abertura":
para conquistar uma posição de vantagem, as vezes é necessário conceder uma peça
importante...foi o que os chineses fizeram: pagaram mais alto mas agora eles já
estão aqui dentro.Parabéns! Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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