O Portal do Geólogo
23/11/2024 23:58:19

São Paulo: a incompetência e o abandono por trás da falta d´água



Publicado em: 04/12/2014 21:13:00

Como explicar que no Brasil, um dos países mais ricos em água do mundo, uma população de dezenas de milhões, fique sem o precioso bem na primeira seca mais prolongada?

-Será que a culpa é do Aquecimento Global?

-Do desmatamento da floresta Amazônica?

-Ou da sucessão de governos incompetentes que por décadas não investiram em armazenamento, tratamento e distribuição da água à população?

-Ou da população que convive há décadas com a poluição de seus rios e barragens e que continua, ainda hoje, lançando os seus dejetos, sem constrangimento, nos rios e lagos?

Em 1960 o Governo de São Paulo, preocupado com o crescimento populacional,  que atingia 4,8 milhões de habitantes na capital e cidades vizinhas, planejou a implantação do Sistema Cantareira cuja construção começou 6 anos depois.

O Sistema Cantareira, um dos maiores do mundo, corresponde a seis reservatórios de água com uma capacidade total de 990 milhões de metros cúbicos. O Cantareira é constituído pelos reservatórios:  Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Águas Claras e Paiva Castro,  interligados por tuneis e canais.

Desde 1960 até hoje o Brasil viu o crescimento explosivo de S. Paulo, cuja população mais que dobrou desde o início do Cantareira.

O que foi feito nestes 54 anos para amenizar o crescente problema da armazenagem e distribuição de água em S. Paulo?

Quase nada! O sistema hoje atende 9 milhões de pessoas, menos do que a metade da população metropolitana.  

Em 2014, quando enfrentamos um prolongado período de secas, o Cantareira, da forma como estruturado, não foi suficiente para suprir a demanda de água da população que hoje é considerada criminosa se utilizar mais água do que o Governo determina.

Quem lê as notícias da crise hídrica de S. Paulo acha que a cidade e região estão no meio de um deserto sem uma gota d´água.

Nada disso!

São Paulo está cercado por mais de 17 represas e rios que pouco contribuem para o consumo de água de sua população.

Como esquecer o Rio Tietê, que atravessa o coração de S. Paulo com sua água totalmente poluída por séculos de descaso e abandono? Muito se prometeu e nada se fez.  E o cidadão continua vendo e cheirando um dos maiores desastres ambientais do Brasil sem se rebelar.

Se o Tietê não fosse um terrível esgoto a céu aberto, que os Romanos provavelmente chamariam de Cloaca Máxima Paulistana, ele hoje poderia ser a salvação da cidade.

Tietê poluído


Outras represas como a Billings, de 995 milhões de metros cúbicos, uma capacidade muito superior a todo o Sistema Cantareira foi idealizada em 1930. Infelizmente a água da Billings só pode ser utilizada parcialmente, pois tem áreas intensamente poluídas por esgotos domésticos, uma clara falta de planejamento e de investimentos.

Billings


A represa de Guarapiranga, fundada em 1908, com 272 milhões de metros cúbicos é outra que recebe esgotos não tratados que comprometem o uso da água para abastecimento humano.
Guarapiranga


Barragens associadas ao poluidíssimo Rio Tietê como Rasgão, Pirapora do Bom Jesus e Edgard de Souza servem apenas para a geração de energia já que uma sucessão de governos incompetentes e uma população desinteressada pouco fizeram para evitar a morte do Rio Tietê.

Hoje colhem os dejetos de anos de total abandono e poluição.

Mesmo sendo conivente, já que elegeu e reelegeu, ao longo de décadas, governos que nada ou pouco fizeram para melhorar a qualidade, armazenagem, distribuição e tratamento da água, o povo da Grande São Paulo não é o único culpado.  

Colocar a culpa no desmatamento da Floresta Amazônica é mais uma forma de lavar as mãos de todos esses crimes ambientais que S. Paulo, seu governo e boa parte de sua população vem fazendo nestas muitas décadas de descaso.

As chuvas que hoje inundam S. Paulo não são provenientes da Amazônia como alguns dizem. A imagem abaixo mostra a direção dos ventos e as principais chuvas que afetam a região enquanto o texto é digitado. A umidade que está causando essas chuvas vem toda do Atlântico e não da Amazônia.
ventos SP


Por mais que nós Brasileiros discordemos sobre as responsabilidades não há como negar.

Somos nós que elegemos esses governos que nada fizeram e somos, nós, mais uma vez, que fechamos os olhos para a poluição sistêmica dos rios e barragens, não só de S. Paulo.

Plantamos e estamos colhendo...

A crise hídrica um dia vai acabar, mas os nossos hábitos medievais e péssimas escolhas possivelmente não.

Até quando? Será que não temos nada a aprender?


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
12.000 ANOS DE ABANDONO  um livro de Pedro Jacobi

Caro usuário do Portal do Geólogo
Se você gosta de descobertas arqueológicas inéditas no meio da Amazônia vai gostar do livro que estou lançando. É um não ficção sobre uma pesquisa real que estou fazendo.

Com o avanço do desmatamento e com o auxílio da filtragem digital em imagens de satélites, descobri nada menos do que 1.200 belíssimas construções milenares, no meio da Amazônia — totalmente inéditas.

São obras pré-históricas, algumas datadas em 6.000 anos, incrivelmente complexas e avançadas — as maiores obras de aquicultura da pré-história que a humanidade já viu.
Neste livro você se surpreenderá com essas construções monumentais, grandiosas e únicas, feitas por aqueles que foram os primeiros arquitetos e engenheiros do Brasil.
Trata-se de importante descoberta arqueológica que vai valorizar um povo sem nome e sem história. Um povo relegado a um plano inferior e menosprezado pela maioria dos cientistas e pesquisadores.

Dele quase nada sabemos. Qual é a sua etnia, de onde veio, quanto tempo habitou o Brasil e que língua falava são pontos a debater.
No entanto o seu legado mostra que ele era: muito mais inteligente, complexo e tecnológico que jamais poderíamos imaginar.
Foram eles que realmente descobriram e colonizaram a Amazônia e uma boa parte do Brasil.
E, misteriosamente, depois de uma vida autossustentável com milhares de anos de uma história cheia de realizações eles simplesmente desapareceram — sem deixar rastros.
Para onde foram?

Compre agora!
O livro, um eBook, só está à venda na Amazon. Aproveite o preço promocional!

  

 


agua editorial polemicos geoambiente    5364

Só para você: veja as matérias que selecionamos sobre o assunto:

Por que 2015 tem que ser melhor do que 2014? 31/12

Chile: os salários da mineração são os que deverão crescer mais em 2015 29/12

A Petrobras e o mercado: quais são os poços que podem fechar com os preços do barril de petróleo abaixo de US$59. Ou, até onde a Petrobras consegue suportar um mercado em queda? 25/12

Petróleo a US$58,50 o barril ameaça economicidade do pré-sal 19/12

Você sabe o que é isso? 18/12

Você ainda duvida da existência de água em Marte?  17/12

Desastre anunciado: produção brasileira de gás é ínfima, Petrobras em colapso, mas o País não permite a exploração do gás do xisto 14/12

Distorções brasileiras: amanhã terá uma audiência pública sobre o impacto do uso da água pela mineração 8/12

Cuidado: o mercado está cheio de meteoritos falsos 7/12

Alderon: a empresa que ganhou o prêmio Developer of the Year pode nunca decolar 3/12

Chile precisa de 18.000 gigawatts para acompanhar mineração crescente 30/11

Tia Maria aguarda licença para receber US$1.2 bilhões 24/11

Buraco de 40 metros de diâmetro surge nas proximidades de mina de potássio 21/11

O primeiro mapa geológico de um cometa 17/11


O Portal do Geólogo

Geologia e Mineração contadas por quem entende

Desde 27/3/2003
As mais lidas
1 : Dele2maio2018 ...
2 : dele 4nov ...
3 : deletados abaixo100 28fev19 ...
4 : index ...
5 : MINEX ...
6 : Pesq-reconhecermeteorito ...
7 : aguahisteria ...
8 : deslizamentos ...
9 : aquecimento ou resfriamento ...
10 : halldafama ...
Raridade - Calcita Ótica âmbar
Raridade à venda: calcita ótica âmbar

Não entendeu a palavra?

Pesquise o termo técnico!




Pesquise no universo do Portal do Geólogo!

Digite uma palavra na caixa abaixo e estará pesquisando centenas de milhares de matérias armazenadas no nosso site.

 

 

palavra com mais de 2 letras
O Portal do Geólogo    Editor: Geólogo Pedro Jacobi