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Minério de ferro: paralisações de grandes projetos começam afetar preços



Publicado em: 24/04/2013 16:28:00




Por Pedro Jacobi
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A produção de minério de ferro mundial vem  crescendo ano após ano significativamente. Somente em 2010, quando a  produção atingiu 1,827 bilhões de toneladas, o crescimento foi de 17,6%  sobre 2009.

Este crescimento vem, principalmente  do  Brasil e da China que é a maior produtora de minério de ferro do mundo  com 17,3% do total.

Os  preços do minério de ferro já haviam assimilado, no futuro, a entrada de grandes  quantidades de minério novo. Esse minério adicional estaria vindo de novas minas e da  expansão de projetos já existentes.

Muitos  mineradores, preocupados com a superprodução de minério que, segundo muitos, irá fazer os preços cair abaixo de US$90/t, iniciaram cortes de custos e vendas  de ativos se preparando para o pior.

A  previsão das empresas é de uma produção adicional de mais de 800 milhões de  toneladas ano a partir de 2015.

Na lista  abaixo temos os principais projetos de minério de ferro do mundo com as  previsões de entrada de produção e os investimentos necessários para que a  produção se concretize.

Projeto

Operador

CAPEX US$ bilhões

INÍCIO

CAPACIDADE Mtpa

Simandou

Rio Tinto

Guiné

10,00

2015

95,00

Serra Sul

Vale

Brasil

8,00

2016

90,00

Jimblebar Expansion

BHP Billiton

Austrália

3,40

2014

55,00

Pilbara 290

Rio  Tinto

Australia

2014

45,50

Carajás

Vale

Brasil

3,50

2013

40,00

Chischester Hub

Fortescue

Australia

2013

33,00

Samarco 4

Rio Tinto

Brasil

3,50

2014

30,50

Inner Harbour

BHP  Billiton

Australia

?

2015

27,90

Minas Rio

Anglo

Brasil

8,80

2014

26,50

Port  Hedland

BHP Billiton

Austrália

2,20

2013

24,00

Cauê

Vale

Brasil

1,50

2015

24,00

Bloom Lake

Cliffs

Canada

0,60

2016

24,00

Pedra de Ferro

ENRC

Brasil

5,20

2014

19,50

Conceição 2

Vale

Brasil

1,20

2014

19,00

Orebody 24

BHP Billiton

Austrália

0,80

2013

17,00

Simandou I

Vale

Guiné

1,40

2012

15,00

Conceição

Vale

Brasil

1,20

2013

12,00

Vargem Grande

Vale

Brasil

1,60

2014

10,00

Myaoko

Exxaro

Congo

0,32

2014

10,00

Serra Azul

MMX

Brasil

?

2015

10,00

Kami

Alderon

Canada

1,40

2015

8,00

O2

O2iron

Brasil

1,30

2017

5,00

Serra Azul

Usiminas

Brasil

?

2016

7,00

Serra Leste

Vale

Brasil

0,50

2013

6,00

Urubu

Braziron

Brasil

1,00

2015

5,00

IOC

Rio  Tinto

Canada

?

2017

22,00

Zamin Ferrous

Amapá

Brasil

?

2016

4,00

Salinas

Honbridge

Brasil

?

2017

15,00

Brockman 4

Rio  Tinto

Austrália

?

2014

40,00

Western Turner Syncline

Rio  Tinto

Austrália

?

2014

15,00

Hope  Downs

Rio  Tinto

Austrália

?

2014

15,00

No  total são esperados, só destes projetos selecionados, mais de 800 milhões de  toneladas adicionais de minério de ferro a serem lançadas no mercado. Esse  número assustador é a causa da forte reação do mercado que imediatamente previu  uma produção maior do que a demanda o que reduzirá os preços do minério  e forçará a paralisação e venda das minas com elevados custos de  produção.

As três grandes mineradoras Vale, BHP  Billiton e Rio Tinto, que vendem mais do que 57% do  minério de  ferro mundial, levaram a sério a ameaça e não demoraram a reagir.  Iniciaram a faxina, vendendo ativos e paralisando projetos e expansões. Neste novo  cenário o destaque vai para a Rio Tinto que está vendendo ativos de  alumínio, minério de ferro, diamantes e cobre em vários países, em busca  de um maior equilíbrio e uma significativa redução de custos.

São os sinais dos tempos.

Será a sobrevivência dos projetos mais  eficientes, otimizados, de baixo investimento e baixo custo.

O crescimento chinês mais moderado, em torno de 7%  ao ano não ajuda. A China é a maior importadora de minério de ferro do  mundo e deverá importar em 2013, em torno de 840 milhões de toneladas de  minério (veja)  o que, obviamente, não permite a absorção desse enorme excedente que  entrará no mercado a partir de 2014.

Novas importações de minério de ferro estão  ocorrendo na Europa e, eventualmente nos Estados Unidos onde o gás dos  folhelhos viabiliza uma revolução industrial e na produção de aço. Essas  novas importações ajudam a reduzir a enorme pressão do minério novo, mas  não será suficiente para equilibrar a equação. O mesmo ocorre com países  importadores como o Japão (>135Mtpa) e Coreia (>57Mtpa) cujas  importações vem crescendo mas não o suficiente para equalizar a forte  pressão futura.

 

Em vista desses números e projeções não é de se  surpreender que o mercado esteja prevendo uma forte queda no preço do  minério de ferro para 2013 e próximos anos.

 

A reação das empresas, como frequentemente ocorre, está sendo mais radical do que o necessário e muitos projetos estão sendo paralisados e/ou vendidos. O remédio está, aparentemente, sendo dado em dose excessiva.

Como resultado dessas paralisações e protelações  menos da metade dos 800 milhões de toneladas atingirão realmente o  mercado nas datas previstas.

Projetos como o Simandou da Rio Tinto com investimentos previstos  de 10 bilhões de dólares e produção de 95 milhões de toneladas por ano  já foram engavetados, segundo a fala do Ministro da Guiné Mahmoud Thiam  ainda ontem. A Rio  Tinto já investiu mais de 2,3 bilhões de dólares no projeto que deverá  ficar sem retorno por tempo indeterminado.

Simandou como um todo,  inclusive a parte da Vale, não deverá entrar em produção  nesta década. Possivelmente esses atrasos farão a Guiné contra-atacar  tentando forçar as mineradoras a entrar em produção no menor tempo  possível. Será uma queda de braço que o Governo da Guiné irá ganhar,  certamente, pois as concessões poderão ser cassadas se a Rio e Vale não  colocarem o projeto em produção como previsto. Situações como esta serão  vistas em todo o mundo. Nos países pobres como a Guiné ou Mongólia as  mineradoras deverão ser literalmente forçadas a produzir ou perderão seus ativos.

Projetos como o Minas-Rio onde se esperava mais de 26 milhões de  toneladas de concentrado por ano definitivamente serão atrasados.  Possivelmente o Minas-Rio deverá ser fatiado e vendido.

Essas notícias começam a fazer sentido para alguns analistas que já  estão prevendo (veja)  um movimento contrário com a manutenção ou até um aumento nos preços do  minério de ferro.

No nosso entender os preços devem permanecer acima dos $130/t em  2013. Caso os preços caiam até os $80/t como muitos acreditam um grande  número de minas serão fechadas, uma grande maioria chinesa, o que vai  forçar, no curto-médio prazo uma subida dos preços e da produção.

Um eterno movimento pendular que caracteriza o mercado e que não  cessará enquanto o Homem for Homem.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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