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Leilão de Libra: grandes petroleiras fogem do Pré-sal para investir nos folhelhos norte-americanos enquanto temos uma das maiores reservas inexploradas do mundo...Publicado em: 25/10/2013 01:35:00
O óleo do folhelho pode ser mais interessante e barato do que o do Pré-sal? É chegada a hora e a vez de extrairmos a energia do
futuro de uma rocha ainda pouco conhecida do brasileiro, o
folhelho.
O folhelho (veja
definição) também é chamado de xisto
por muitos o que para nós, simples Geólogos, é mais uma heresia entre as tantas
publicadas. Trata-se de uma rocha sedimentar, fina, com um mínimo de
metamorfismo apresentando uma laminação característica que lhe dá um aspecto
folhado. É chegada a hora de mudar o nome xisto betuminoso para
folhelho oleígeno. O folhelho quando tiver na sua composição proporções de
betume ou querogênio deverá ser chamado de folhelho betuminoso, ou pirobetuminoso. O folhelho oleígeno tem quantidades de hidrocarbonetos que podem ser extraídos por um processo de destilação razoavelmente
simples o que irá produzir óleo combustível, gasolina, nafta, enxofre e gás.. O conteúdo de querogênio nos folhelhos interessantes varia de
5 a 25%. Esta rocha está revolucionando a economia e a
indústria de gigantes como os Estados Unidos e poderá afetar
positivamente a nossa também. A extração de óleo dos folhelhos é antiga. Já no século
18 existiam mais de 200 usinas, só nos Estados Unidos extraindo o óleo dos
folhelhos. Em 1859, quando foi perfurado o primeiro poço de petróleo nos Estados
Unidos os folhelhos foram imediatamente abandonados como fonte de óleo por
terem um custo de extração maior do que o petróleo. Deste momento em diante
até uma década atrás, pouco se fez para viabilizar os folhelhos betuminosos no resto do mundo. No Brasil o "namoro" com o folhelho é antigo.
A primeira lavra de folhelhos no Brasil foi em 1884, na Bahia.
Somente em 1935,
em São Mateus do Sul, Paraná, a produção atingiu 318 litros de óleo por dia.
O Governo a partir de 1949 investiu na pesquisa do potencial econômico dos
folhelhos. A Petrobras está desenvolvendo pesquisas com folhelhos da Bacia do
Paraná, desde 1954 e em 1972 inaugurou a planta de S. Mateus do Sul no Paraná.
Esta planta usa o processo Petrosix patenteado pela própria Petrobras e
exportado para Jordânia, Marrocos, Estados Unidos e China. O
processo usa a pirólise a 500 graus para separar o óleo e o gás por meio de
ciclones e precipitadores eletrostáticos. Em S. Mateus é recuperado o óleo pesado, o
leve, o gás de cozinha, a nafta e o enxofre. O óleo é processado posteriormente, em refinarias de petróleo.
Um ponto interessante é que o processo permite a adição de até 5% de pneus
triturados à carga de folhelhos. Desta forma a Petrobras já utilizou mais de 12
milhões de pneus em S. Mateus. Adicionalmente
a Petrobras desenvolve outros processos que aumentarão a recuperação de óleo e reduzirão o custo operacional aprimorando a viabilidade econômica dos
folhelhos oleígenos. No momento a lavra da Petrobras ocorre em duas camadas de folhelho
oleígeno da Formação Irati. Os teores médios de óleo são de respectivamente 9,1%
para a camada inferior com 3,2 metros de espessura e de 6,4% para a camada
superior com 6,4 metros de espessura. O óleo do folhelho betuminoso é um combustível de alto poder calorífico que se apresenta
como uma melhor alternativa para os óleos combustíveis derivados de petróleo.
Ele tem uma maior fluidez, o que permite custos menores eliminando o aquecimento
para o transporte o que permite o bombeio a temperatura ambiente, e
tem características técnicas superiores aos óleos
pesados derivados de petróleo. O óleo do folhelho tem baixo teor de enxofre
sendo bem menos agressivo ao meio ambiente que o petróleo normal. A produção anual da mina de S. Mateus, em 2010 foi de
mais de
2.169.197
m3 de folhelho. Deste volume lavrado foi recuperado um total de 16.3% de
produtos econômicos. O principal produto deste processo (13% do total)
corresponde ao óleo combustível: 281.779 m3. Calcula-se que o custo do barril de óleo produzido pelo
processo Petrosix seja de menos de
US$25/barril
o que torna o processo, ao
contrário do que é propalado pela mídia desinformada, altamente econômico
nos preços atuais do barril do petróleo, acima de US$100/barril. Na verdade como se pode ver no gráfico abaixo desde o ano
2000 o processo de extração de óleo dos folhelhos, a US$25/barril, já é economicamente viável. Onde ficam os " analistas " de plantão que dizem que o
ólero dos folhelhos é " mais caro, trabalhoso e poluente e que não é viável
economicamente" ? A verdade é que se tivermos empresas privadas produzindo óleo
a partir dos folhelhos possivelmente os custos de produção irão baixar
viabilizando ainda mais o óleo dos folhelhos. No gráfico acima vê-se claramente que o preço do petróleo cru no mercado
internacional subiu assustadoramente desde o ano de 2000. Esta subida de preços
acabou por viabilizar uma série de fontes de óleo como o óleo dos folhelhos, do
Pré-Sal , dos oil sands Canadenses e dos oil shales americanos. Nos Estados Unidos a produção de óleo vinha caindo ate 2008 (6.9milhões de
barris por dia) passou para 8.1 milhões de barris/dia em 2011 e deverá
atingir 11,1 milhões de barris por dia até 2020. Tudo isso graças ao óleo extraído dos folhelhos (oil shales) por meio do
fracking. Este óleo ainda é produzido com um custo razoavelmente elevado entre
US$35-70 conforme a tabela abaixo. No caso da tabela os preços são os
break even costs ou preços de empate que estão atrelados a uma taxa
interna de retorno de 15%, Consequentemente o custo de produção pode ser
bastante inferior. Mesmo com custos elevados os Estados Unidos poderão se tornar no maior produtor de óleo do mundo
graças ao óleo de folhelhos. Eles passarão da Arábia Saudita que em 2020 deverá produzir 10.6 milhões de barris
de petróleo por dia. Uma revolução econômico-industrial a base do betume em
folhelhos. No Canadá existem os oil sands, que são similares aos folhelhos oleígenos mas
ao invés de uma rocha fina, argilosa (folhelho) a matriz da rocha canadense é a
base de areia com betume sólido nos interstícios (veja a foto de uma mina de oil
sands abaixo). Esse betume neste estado torna o transporte do óleo produzido
difícil e caro. Os oil sands são uma das maiores riquezas minerais do Canadá e equivalem, em
volume a 1.7 trilhões de barris ou a todo o petróleo existente nos outros países
do mundo.
O método de extração possibilita que pelo menos 10%
dessas rochas sejam lavradas economicamente. O betume é extraído das minas a
céu-aberto como a da foto, por meio de água aquecida entre 50-80 graus. O betume
é posteriormente flotado, recuperado e transformado em óleo e derivados.
Hoje um novo processo de extração de oil sands profundos é feito por intermédio
da injeção de vapor a elevada temperatura o que permite reduzir a viscosidade do
betume que pode, então ser extraído como o petróleo. Esses métodos são chamados
"in situ" e tem custos maiores já que necessitam de grande quantidade de injeção
de gás natural no processo. Calcula-se que pelo menos 4% de todo o gás produzido
esteja indo para a extração do óleo dos oil sands Canadenses. O custo de produção dos oil sands como visto acima gira em torno dos
US$35/barril pois implica em um enorme investimento (CAPEX) e custos
adicionais para transformar o betume em óleo cru sintético. Os custos de lavra,
embutidos neste custo final, são razoavelmente baratos. Entretanto os
Canadenses tem que conviver com um desconto variável, que hoje é de US$48/barril
calculado sobre o preço do Brent que está em torno de US$107/barril. Ou seja os
produtores canadenses de óleo dos oil sands recebem apenas US$60/barril
produzido. É essa a maior barreira ao superdesenvolvimento da extração dos oil
sands canandenses. A margem final é de apenas US$25/barril, o que não ocorre no
caso do óleo dos folhelhos oleígenos que são mais baratos para extrair, para
processar e transportar. No caso canadense estima-se que os novos campos de oil sands onde o betume
será extraído pela adição de gás natural, terão os seus custos
operacionais variando entre $65-70/barril. Estes custos elevados deverão impedir
a entrada de produção de muitos destes novos jazimentos enquanto o preço do
petróleo permaneça no patamar de US$100/barril. O Folhelho e o gás natural Os EUA, que são o maior consumidor de gás do mundo, estão no meio de uma nova
revolução industrial que tem a sua origem exatamente nos mesmos folhelhos que
estamos falando. É a revolução do shale gas. Somente nos
Estados Unidos as reservas são estimadas em
24 trilhões de m3.
Uma riqueza simplesmente extraordinária que está revitalizando a indústria
americana. No gráfico abaixo é possível ver em preto, a proporção que o gás dos
folhelhos terá no futuro próximo dos Estados Unidos. O gás do folhelho (veja
matéria do Portal do Geólogo) deverá, em breve, ser o principal gás a ser
utilizado no país que é o maior consumidor de energia do mundo. Em apenas uma
década os Estados Unidos saíram do zero para uma produção anual de mais de 150
bilhões de metros cúbicos. Isso tudo com um custo bastante menor do que o gás do
petróleo. Não é a toa que é chamada da revolução do shale gas. O Folhelho e o Brasil Será que nós também teremos a oportunidade de extrair enormes quantidades de
gás e óleo dos folhelhos aumentando as riquezas do país de forma exponencial
como está ocorrendo nos EUA? A resposta é sim! Temos apenas que iniciar a nossa
revolução do folhelho flexibilizando a legislação e atraindo investidores
privados e fundos que possam
investir em grandes projetos de extração de gás e óleo. As reservas de folhelhos do
Brasil são simplesmente enormes. Ainda não temos nenhum número confiável pois os nossos
folhelhos ocupam imensas áreas nas bacias sedimentares do Paraná, do Amazonas e
do Parnaíba. Folhelhos com potencial econômico ocorrem em
vários estados da Federação como , Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, S.
Paulo, Maranhão, Amazonas, Pará, Amapá, Ceará, Alagoas e Bahia. Apenas os estudos preliminares da Petrobras, no Sul do País, identificaram
recursos de 2,8 bilhões de barris de óleo, 19,7 milhões de toneladas de gás
liquefeito de folhelho (GLX), 95,8 milhões de metros cúbicos de gás combustível e
43,6 milhões de toneladas de enxofre. Estudos muito preliminares, da década de
70-80 calcularam que o Brasil teria reservas equivalentes a 800 bilhões de
barris de óleo (Barros & Ramos, 1982). Ou seja, temos 10 vezes mais óleo em folhelhos
do que no Pré-Sal. Esses estudos são bastante preliminares sem sondagens, testes de
produção e uma grande densidade de pontos e de dados e não devem
ser considerados como números finais. Se usarmos o conhecimento geológico atual
é possível prever que os recursos
finais dos folhelhos do Brasil sejam maiores do que estes 800 bilhões de barris,
já que novas tecnologias permitem o aproveitamento de folhelhos situados em
maiores profundidades, no interior de bacias sedimentares o que não foi
considerado nas avaliações anteriores. O fator determinante
para a extração desse óleo e gás é, como sempre, o econômico. É
fundamental que o DNPM e a CPRM iniciem um estudo de
mapeamento e de quantificação dos melhores jazimentos de folhelhos do
Brasil e que esses depósitos
sejam colocados a leilão para a
iniciativa privada.
O Governo muito fala no Marco Regulatório e em leilões de jazimentos de
fosfato, terras raras e potássio mas esquece dos folhelhos
oleígenos. Estes terão um impacto econômico maior e mais duradouro. O Folhelho e o futuro Folhelhos oleígenos são uma fonte gigantesca de energia e riqueza que no Brasil permanece intocada. Se
formos quantificar todo o potencial energético dos folhelhos veremos, que eles tem muito mais volume de óleo e gás do que os existentes em
todos os nossos campos de petróleo convencionais. É claro que podemos, como nos Estados
Unidos, iniciar uma revolução industrial, tecnológica e social calcada
na energia armazenada nestes folhelhos oleígenos. Não estaremos criando
nada de novo pois a tecnologia e os exemplos já existem.
A existência das imensas reservas de óleo e gás em
folhelhos e oil sands, é tão relevante que os grandes produtores de
petróleo do mundo, unidos no cartel da OPEP, que antes só pensavam em
aumentar os preços do petróleo, colocando as economias mundiais de
joelhos, agora são obrigados a aumentar a produção e baixar preços. Se eles
não fizerem isso e o preço do petróleo continuar acima dos
US$100/barril, serão viabilizados a maioria dos projetos de óleo
alternativo do mundo o que, naturalmente, vai reduzir os lucros e influência da OPEP. Será o fim do Cartel .
No nosso caso, com um custo por barril de óleo de folhelho em torno de
US$25 não há como errar, temos que começar imediatamente esta revolução.
Não podemos deixar essas riquezas no subsolo enquanto ainda lidamos com
a fome, o analfabetismo, doenças, falta de infraestrutura e uma educação
de terceiro mundo. Leve essa idéia ao seu Político e exija que ele
aja! É o nosso futuro que está em jogo.
Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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