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Como a cegueira política pode inviabilizar as nossas riquezasPublicado em: 27/10/2013 21:01:00
Na semana passada Andrew Robb o Ministro do Comércio da Austrália esteve em viagem à China onde se encontrou com os principais executivos chineses das principais empresas compradoras do minério de ferro australiano. A Austrália é a maior fornecedora de minério de ferro à China e, para o Governo Australiano, essa é uma relação vital que deve ser duradoura e melhorada o que fez o Ministro ir até a China discutir com os compradores como melhorar o comércio entre os dois países. No encontro com o Sr. He, Presidente da Baosteel, Robb falou que existem, somente na Austrália, o equivalente a 150 bilhões de dólares em projetos minerais a serem desenvolvidos. Trata-se de um óbvio convite ao capital chinês, tão necessário ao desenvolvimento da Austrália. Robb falou também que a principal preocupação do Governo Australiano é a de tornar a Austrália mais competitiva e atraente para investimentos estrangeiros. Ele disse mais, que a Austrália quer ser uma das maiores parceiras da China. A preocupação dos australianos é válida já que a China é a maior compradora de 123 países ao redor do mundo e cultivar esses laços comerciais é fundamental para a economia do país. É triste ver que uma atitude similar não está acontecendo aqui no Brasil. Não estou nem tentando dizer que um Ministro como Édison Lobão deveria ir até a China e lá debater com os chineses em prol da mineração brasileira. Acho que isso seria pedir demais pois aqui no Brasil, o nosso Governo, mostra uma atitude muito diferente da Australiana e continua acreditando que somos os “reis da cocada preta” e que todo o mundo quer uma fatia do nosso país e das nossas riquezas minerais. Foi assim no passado quando a xenofobia brasileira afugentou os mineradores estrangeiros e seu capital, lançando o Brasil em décadas de atraso. Está sendo assim agora que estamos atrasando a produção do pré-sal por mais de uma década pois o Governo acha que temos os maiores e melhores campos petrolíferos de todo o mundo: um ledo engano. Mais um erro clássico que nos vai custar décadas de desenvolvimento. Sabemos que o óleo do pré-sal não é maior, melhor ou mais barato do que outras oportunidades que hoje impactam o mundo energético como a revolução do folhelho betuminoso que está ocorrendo nos Estados Unidos e China. Mas, infelizmente, parece que esses conceitos ainda não chegaram aos ouvidos do pessoal do Ministério de Minas e Energia mesmo após um leilão pífio, que atraiu para o ”maior e melhor campo de petróleo do Brasil” apenas 1 consórcio interessado. Onde estavam os mais de 40 interessados que o Governo ufanisticamente havia informado? As coisas estão mudando todos os dias no nosso mundo dinâmico. No passado o Governo acreditou que éramos os maiores e melhores quando o assunto era energia nuclear e que as nossas areias monazíticas seriam a solução energética. O país foi varrido por manifestações ufanistas, da mesma forma como o pré-sal foi durante o Governo Lula. Pergunto: alguém sabe o que aconteceu com as areias monazíticas e com a energia que elas iriam nos proporcionar? Hoje, ao invés das areias monazíticas temos o pré-sal, petróleo enterrado nas profundidades imensas do oceano, com custos de extração elevados onde o mínimo erro causará um desastre.Atrasar a produção do pré-sal nos coloca em um sério risco de termos um petróleo caro e pouco competitivo em uma época onde outras fontes poderão ser mais viáveis. O MME ainda não percebeu que, mais uma vez, estamos perdendo o bonde da história. Perdemos no passado e estamos perdendo hoje quando não percebemos o que está acontecendo no mundo da energia e da mineração. O pré-sal foi descoberto há seis anos e Libra talvez entre em produção entre 5 a dez anos. O Brasil pode atrasar a produção dos grandes campos do pré-sal em até 15 anos. Será que em dez anos a economicidade do pré-sal será competitiva? Temos que extrair esse petróleo do pré-sal ontem! Amanhã ele poderá ser inviável economicamente pois novas fontes de óleo mais baratas estarão em produção. Da mesma forma o MME erra, mais uma vez, quando tenta obrigar a sociedade e a mineração a aceitar um Marco Regulatório da Mineração que por ser tão ruim se tornou uma unanimidade em todo o mundo mineral. Esse MRM carrega no seu bojo mais ingerências do Estado, o fim da pesquisa mineral pelas empresas junior de mineração e mais cargas tributárias que irão dobrar as já existentes. O MRM é a perfeita receita para afugentar de vez, os investidores da mineração do Brasil tudo que o ministro Australiano tenta não fazer. Por mais que essas ideias sejam debatidas e propagadas, o nosso Governo continua fazendo ouvidos de mercador e os nossos Ministros continuam sendo "emprenhados pelos ouvidos" por “técnicos de alto escalão” que não sabem, não podem ou não querem apontar as soluções que certamente existem e que já estão sendo debatidas em todos os cantos do Brasil por quem realmente entende do assunto. Enquanto isso, lá do outro lado do mundo, em Beijing, estará se desenrolando mais um encontro sobre a criação de um acordo de livre comércio entre a China e a Austrália, que se aprovado irá mudar substancialmente o comércio da mineração mundial. O que nós estamos fazendo quanto a isso? Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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O Portal do Geólogo Editor: Geólogo Pedro Jacobi |