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Para que servem os shatter cones?



Publicado em: 15/02/2013 12:34:00

 

Por Pedro Jacobi

Se um dia você se deparar, em uma de suas viagens ao campo, com rochas  apresentando as estruturas e texturas abaixo, abra os olhos. Você pode estar  descobrindo um raro impacto de meteorito.

Neste momento você irá vivenciar uma das grandes emoções que a Geologia lhe  proporciona: a descoberta.

Descobertas de estruturas de impactos são relativamente raras e poucos são os  "caçadores de impactos" bem sucedidos. Se pensarmos que a Terra vem sendo  submetida a milhões de impactos de meteoritos dos mais variados tamanhos, nos  últimos bilhões de anos é possível estimar que praticamente toda a superfície  terrestre foi, em um dado momento, atingida por um ou vários meteoritos. Por que  não são encontradas mais crateras?

Veja, como exemplo,  a Lua, onde as crateras estão fossilizadas. Lá a  identificação é fácil e visual. As crateras lunares não foram destruídas pelo  metamorfismo,  intempéries, ventos e águas e, consequentemente, são  facilmente identificáveis.  A Terra, por ser maior que a Lua deve ter  recebido, matematicamente, um número maior de impactos.  Felizmente a  maioria destes meteoritos atingiu o nosso planeta a bilhões de anos, no  Arqueano, e as suas crateras e estruturas já foram metamorfizadas e  desapareceram. A nós resta, portanto, descobrir os impactos mais recentes, que  atingiram rochas que não sofreram metamorfismo.

Mesmo assim a descoberta dessas estruturas é bastante dificultada pela ação  das intempéries.

Um bom exemplo de estrutura de impacto Brasileira é a do Domo de Araguainha  uma cratera de 40.000 m de diâmetro decorrente de um impacto ocorrido no  Triássico a 245 milhões de anos.

É a maior estrutura de impacto de meteorito da América do Sul

Domo de Araguainha
A imagem acima é do Domo de Araguainha,  com 40 km de diâmetro na fronteira de Goiás com o Mato Grosso a Norte do  povoado de Araguainha.

Na imagem acima ainda é possível ver com certa clareza a estrutura circular  da cratera que afetou as rochas de idade Paleozóica.

O meteorito que originou essa estrutura foi um enorme corpo celeste com 1.700  m de diâmetro e alta densidade. No núcleo da estrutura afloram brechas e rochas  mapeadas como ortognaisses e granodioritos (veja mapa geológico abaixo).

Geologia Domo
Acima o mapa geológico da região do Domo  de Araguínha mapeado pela CPRM

As evidências de impacto descobertas no Domo pelos Geólogos foram:

  • quartzo de choque com estruturas planares
  • lamelas de choque em quartzo e feldspato
  • brechas de impacto com estruturas fluidais
  • shatter cones : essas estruturas foram descritas em  arenitos Furnas e foram fundamentais para a comprovação de um impacto de  meteorito.

Os shatter cones são estruturas de impacto em cone, causadas, na maioria das  vezes, por um impacto de meteorito. São centimétricas a métricas e apresentam  deformações com estrias em forma de cone ou de rabo de cavalo, formadas por  estilhaçamento de rocha por impacto meteorítico. A propagação das ondas do  impacto que fragmentam e deformam a rocha em uma estrutura cônica que aponta na  direção do impacto, são as principais causadoras destas estruturas. São mais  comuns em rochas homogêneas de textura fina . (veja  a definição do Portal do Geólogo)

Acompanhando essas estruturas pode ocorrer quartzo de choque, com extinção  ondulante,  lamelas de choque e estruturas planares derivadas de uma imensa  pressão sem grande elevação de temperatura. Essa variedade de quartzo encontrada  em grandes crateras de impacto como a de Chicxulub também é encontrada em sítios  de bombas atômicas. Minerais como coesita e stishovita também podem estar  indicando a enorme pressão de um impacto.

shatter cone shatter cone
shatter cone shatter cone
shatter cones
shatter cones em afloramentos

Agora que você já sabe o que é um shatter cone e sua importância fundamental  na interpretação de impactos de meteoritos coloque o seu conhecimento em prática  e parta para a descoberta.

A próxima cratera pode estar perto...

Ao Geólogo cabe montar o quebra-cabeça.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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