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OGX: afunda e lança dúvidas sobre a qualidade da certificação das reservas de petróleo usada no Brasil



Publicado em: 31/10/2013 16:07:00

Por Pedro Jacobi  
 

 

 


Hoje a OGX retorna ao leilão da Bovespa em queda de 36% atingindo apenas 11  centavos de Real por ação. É mais uma queda em direção ao desaparecimento do  maior empresário brasileiro de toda a história.
Eike, que queria ser o homem mais rico do mundo, se tornou o maior perdedor de  toda a história do mundo tendo vaporizado nada menos do que 34 bilhões de  dólares. Seus problemas contaminam as suas empresas e toda a economia do Brasil,  afugentando investidores das bolsas que caem puxadas pelas quedas incessantes de  suas empresas. A derrocada de Eike Batista é um dos piores momentos da bolsa brasileira  e pode zerar completamente a fortuna do empresário. O seu maior patrimônio a  OGX, está literalmente quebrada com dívida acima de 12 bilhões de Reais e inúmeros  problemas com seus acionistas e investidores. As notícias de processos,  arbitragens e demais problemas legais repercutem enquanto a empresa desvaloriza  a 30% ao dia. Neste momento já não cabe mais vender as ações da OGX, pois os  prejuízos dos acionistas mais antigos não poderão mais ser recuperados. Talvez  esses devam simplesmente guardar o seu portfólio de ações e esperar um milagre  futuro e que a recuperação judicial faça a OGX encontrar alguma saída honrosa.

O que levou a OGX a quebrar foi a constatação do mercado de que as reservas de  petróleo, descobertas e medidas pela própria OGX, e informadas à mídia mundial, simplesmente não existiam e que não iriam produzir os volumes  informados.

De quem é a culpa? Eike culpa aos seus executivos, técnicos e auditores pelo  erro.

Nós ainda não sabemos as reais causas do desastre da OGX, mas sabemos como  ele poderia ter sido evitado.

Com essa desinformação a OGX deixa um legado aos investidores brasileiros. O  sistema de certificação e de auditoria das empresas listadas na Bovespa é falho  e permitiu que a OGX tivesse informado aos investidores sobre reservas que nunca  existiram. As responsabilidades ainda deverão ser apuradas e ainda não sabemos  se isso é fruto de fraude ou de incompetência. O fato mostra, sem sombra de  dúvidas, que a Bovespa e o sistema de auditoria que deveria certificar essas  reservas e informações lançadas ao público, é falho e deve ser totalmente  modificado. A culpa não cabe exclusivamente ao Eike e à OGX, mas também à  Bovespa e as empresas de auditoria externa que engoliram esse sapo e causaram  esses bilhões de prejuízos.

Esses erros já ocorreram em outros países como o Canadá e acabaram por  fortalecer a bolsa e o processo de certificação. Mas, aqui, a nossa Bovespa  parece não ter aprendido nada demonstrando não ser capaz de perceber as  inverdades contidas nas informações lançadas ao mercado pela OGX, o que causou a  tragédia que hoje vivenciamos.

O Brasil precisa evoluir muito neste aspecto seguindo os passos do Canadá e  da Austrália onde as bolsas usam os protocolos NI43-101 e Jorc. Se nós  tivéssemos esses protocolos em vigor, juntamente com auditorias externas  eficientes, a vaporização da OGX não teria ocorrido.

No nosso entender esse desastre acende uma luz vermelha sempre que o assunto  é petróleo e suas reservas. A mesma falta de precisão pode estar ocorrendo hoje  com outras empresas de petróleo que podem estar usando o mesmo sistema pouco  exigente e cheio de furos para informar ao mercado sobre suas reservas.

Será que a Petrobras tem as reservas que diz ter?

Qual o grau de confiança dos dados publicados pela Petrobras sobre o Pré-Sal?  Até que ponto esses números estão sendo auditados por grupos isentos e  capacitados para tal ?

No caso do Pré-Sal essa resposta é importantíssima para a sociedade como um  todo. Hoje vivemos um momento em que o Prá-Sal é considerado uma realidade e que  tem em torno de 80 bilhões de barris de petróleo já mensurados. Será que esses  números foram adequadamente auditados por auditoria externa especializada? Ou teremos no Pré-Sal uma mega-catástrofe tipo OGX?

Esta pergunta deve ser respondida sem nacionalismo, com muita cautela e precisão  pelo Governo Brasileiro e pela Petrobras. A sociedade quer saber quais são os  procedimentos usados pela empresa para certificar as suas reservas e se esses  cálculos e procedimentos passam no crivo de uma auditoria externa de alto nível  com um padrão internacional exigido pelas grandes bolsas mundiais.



Foto: UOL Economia


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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