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O MRM as junior companies e o desemprego



Publicado em: 12/08/2013 16:20:00

Por Pedro Jacobi
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No  último encontro de Gerentes e Executivos promovido pela Adimb em Brasília muito  se falou do desemprego que grassa entre as empresas junior de mineração e as  empresas prestadoras de serviço. Esse desemprego é assustador e está, pela  primeira vez na história, levando o pessoal da geologia e mineração, em  desespero, às ruas em manifestações contra o Marco Regulatório da Mineração e  suas consequências nefastas.

No  encontro vimos surpresos, as tentativas infrutíferas do Secretário do MME,  Carlos Nogueira em colocar a culpa do desemprego na crise que afeta o setor a  nível mundial. Aliás, Carlos Nogueira, o Carlão, não fugiu do debate e tentou,  sem muito sucesso, explicar e minimizar os problemas causados pelo MME e pelo  MRM.

A  argumentação de Nogueira, foi refutada com propriedade por quase todos os  palestrantes.

Em  algumas ocasiões o Secretário tentou “tapar o sol com a peneira” minimizando o  efeito da paralisação da pesquisa mineral desde 2011 quando o DNPM simplesmente  parou de conceder os alvarás de pesquisa. Ele foi enfático tentando restringir  as junior companies à pesquisa de ouro dizendo que a concorrência entre junior e  majors não irá existir pois “junior é ouro e Vale é ferro”.

É uma  pena que um Geólogo de alto escalão do Governo tenha, aparentemente, tão pouco conhecimento sobre as descobertas de  depósitos minerais feitos pelas juniors. Esta falta de informação acaba por  contaminar o conhecimento sobre o assunto induzindo os parlamentares, que irão  votar o MRM no Congresso, a erros crassos de julgamento. Não  podemos deixar que isso aconteça!

Carlos  está certo ao dizer que as juniors descobrem ouro. A lista abaixo mostra algumas  descobertas de jazimentos auríferos somente nesta década feitas por junior  companies no Brasil e atesta a veracidade de parte da sua argumentação:

        Tocantinzinho  (Tapajós-PA): 80 toneladas de ouro contido.

        São Jorge (Tapajós-PA): 54 toneladas de ouro contido.

        Cuiu-Cuiu  (Tapajós-PA): 40 toneladas de ouro contido.

        Coringa  (Tapajós-PA): 28 toneladas de ouro contido.

        Palito  (Tapajós-PA): 21 toneladas de ouro contido.

        Ouro Roxo  (Tapajós-PA): 20 toneladas de ouro contido.

        Boa Vista  (Tapajós-PA): 10 toneladas de ouro contido.

        Volta Grande  (Xingu-PA): 224 toneladas de ouro contido.

        Borborema  (RN): 75 toneladas de ouro contido.

        Mara Rosa  (GO): 41 toneladas de ouro contido.

        Lavras do Sul  (RS): 16 toneladas de ouro contido.

O que ele esquece é que as junior companies são as maiores  descobridoras, também, de minério de ferro desta década. O problema é  que as descobertas, relevantes como pode ser visto abaixo, só entrarão em  produção nos próximos anos. A lista abaixo está incompleta, mas já soma vários trilhões de Reais de vendas diretas o que é altamente relevante  e não pode ser minimizado, pois todos sabemos que junior não é só ouro:

Projeto

Descoberta

Recursos Bilhões de toneladas

Minas-Rio

MMX-outras

6

Salinas

BML

2,8

Trairão

Talon

2,6

O2

O2iron

1,50

Caetité

BML

1,1

Viga, Serrinha

Ferrous

>1

Urubu

Braziron

0,70

Ponto Verde

Ferrous

0,30

Jucurutu

MHAG

0,4

Zamapá

MMX

0,271

Vila Nova

Eldorado

0,01

Posse

Crusader

0,036

 

O  desconhecimento por parte do Governo sobre as descobertas das junior companies  nos assusta. Poderíamos discorrer aqui sobre outras importantes descobertas  feitas por junior companies na área dos metais básicos, alumínio, ferrosos e dos  minerais industriais o que vem a consolidar o conceito de que quem adiciona  valor à mineração moderna são as junior companies através de seus investimentos  e descobertas.

Essa é  uma verdade inegável e deve ser levada com precisão e fundamentação aos  Deputados e Senadores que irão, amanhar, votar o PL 5.807.

Infelizmente, graças a uma política equivocada do MME as junior companies estão  fechando as portas, mergulhando em grandes prejuízos e levando de roldão as  empresas prestadoras de serviço.

No  evento da ADIMB isso ficou patente.

Segundo  a ABPM as juniors que atuam no Brasil já demitiram mais de 1.500  funcionários. Muitas continuam capitalizadas, mas não podem investir em seus  projetos enquanto o DNPM não libera os alvarás.

Outras  já abandonaram as áreas, projetos, os sonhos e o Brasil. As prestadoras de serviços na área da pesquisa mineral estão, também, em vias da  falência.

Empresas  de sondagem já demitiram 1.200 profissionais e deverão demitir  muito mais se o DNPM não destravar os alvarás e o regime de prioridade. Os  laboratórios demitiram mais de 300 funcionários.

Os  números são estarrecedores, um verdadeiro circo de horrores que foi muito bem  colocado por João Carvalho, o presidente da Geosol em sua apresentação. A Geosol  e suas coligadas passaram de 44 projetos para quase a metade, 23. As demissões  variam de 40% na área da sondagem até 15% nos laboratórios. João Carvalho foi  enfático ao afirmar que o MRM é uma das maiores causas do desemprego no  setor mostrando claramente a ligação umbilical entre as prestadoras de  serviço e as junior companies.

Outras  empresas de sondagem como a Energold também confirmam o pior: suas sondas que  antes de 2011 estavam 100% ocupadas estão hoje paradas.

Os  efeitos deletérios do MRM e da paralisação das concessões na pesquisa, nas  junior companies e nas prestadoras de serviço foi a tônica do encontro.

Fica  claro que não podemos sentar e aguardar que esse MRM seja votado, o que pode  ainda levar meses ou mais um ano. Se isso ocorrer os prejuízos serão  imensos e, no meu entender, totalmente desnecessários. Existem formas  de resolver este impasse. Sem penalizar mais ainda o País e a mineração.

Deputado, a  CFEM pode ser  aprovada, as agências  criadas,  mas o DNPM tem que liberar as outorgas de alvarás, a pesquisa mineral tem que  ser reativada, o código mineral revisto por setores realmente representativos  e o  apagão mineral cancelado.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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