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O MRM as junior companies e o desempregoPublicado em: 12/08/2013 16:20:00
No
último encontro de Gerentes e Executivos promovido pela Adimb em Brasília muito
se falou do desemprego que grassa entre as empresas junior de mineração e as
empresas prestadoras de serviço. Esse desemprego é assustador e está, pela
primeira vez na história, levando o pessoal da geologia e mineração, em
desespero, às ruas em manifestações contra o Marco Regulatório da Mineração e
suas consequências nefastas. No
encontro vimos surpresos, as tentativas infrutíferas do Secretário do MME,
Carlos Nogueira em colocar a culpa do desemprego na crise que afeta o setor a
nível mundial. Aliás, Carlos Nogueira, o Carlão, não fugiu do debate e tentou,
sem muito sucesso, explicar e minimizar os problemas causados pelo MME e pelo
MRM. A
argumentação de Nogueira, foi refutada com propriedade por quase todos os
palestrantes. Em
algumas ocasiões o Secretário tentou “tapar o sol com a peneira” minimizando o
efeito da paralisação da pesquisa mineral desde 2011 quando o DNPM simplesmente
parou de conceder os alvarás de pesquisa. Ele foi enfático tentando restringir
as junior companies à pesquisa de ouro dizendo que a concorrência entre junior e
majors não irá existir pois “junior é ouro e Vale é ferro”. É uma
pena que um Geólogo de alto escalão do Governo tenha,
aparentemente, tão pouco conhecimento sobre as descobertas de
depósitos minerais feitos pelas juniors. Esta falta de informação acaba por
contaminar o conhecimento sobre o assunto induzindo os parlamentares, que irão
votar o MRM no Congresso, a erros crassos de julgamento. Carlos
está certo ao dizer que as juniors descobrem ouro. A lista abaixo mostra algumas
descobertas de jazimentos auríferos somente nesta década feitas por junior
companies no Brasil e atesta a veracidade de
parte da sua argumentação:
•
Tocantinzinho
(Tapajós-PA): 80 toneladas de ouro contido.
•
São Jorge
(Tapajós-PA): 54 toneladas de ouro contido.
•
Cuiu-Cuiu
(Tapajós-PA): 40 toneladas de ouro contido.
•
Coringa
(Tapajós-PA): 28 toneladas de ouro contido.
•
Palito
(Tapajós-PA): 21 toneladas de ouro contido.
•
Ouro Roxo
(Tapajós-PA): 20 toneladas de ouro contido.
•
Boa Vista
(Tapajós-PA): 10 toneladas de ouro contido.
•
Volta Grande
(Xingu-PA): 224 toneladas de ouro contido.
•
Borborema
(RN): 75 toneladas de ouro contido.
•
Mara Rosa
(GO): 41 toneladas de ouro contido.
•
Lavras do Sul
(RS): 16 toneladas de ouro contido.
O que ele esquece é que as junior companies são as maiores
descobridoras, também, de minério de ferro desta década. O problema é
que as descobertas, relevantes como pode ser visto abaixo, só entrarão em
produção nos próximos anos. A lista abaixo está incompleta, mas já soma
vários trilhões de Reais de vendas diretas o que é altamente relevante
e não pode ser minimizado, pois todos sabemos que junior não é só ouro:
Projeto
Descoberta
Recursos Bilhões de toneladas
Minas-Rio
MMX-outras
6
Salinas
BML
2,8
Trairão
Talon
2,6
O2
O2iron
1,50
Caetité
BML
1,1
Viga, Serrinha
Ferrous
>1
Urubu
Braziron
0,70
Ponto
Verde
Ferrous
0,30
Jucurutu
MHAG
0,4
Zamapá
MMX
0,271
Vila Nova
Eldorado
0,01
Posse
Crusader
0,036
O
desconhecimento por parte do Governo sobre as descobertas das junior companies
nos assusta. Poderíamos discorrer aqui sobre outras importantes descobertas
feitas por junior companies na área dos metais básicos, alumínio, ferrosos e dos
minerais industriais o que vem a consolidar o conceito de que quem adiciona
valor à mineração moderna são as junior companies através de seus investimentos
e descobertas. Essa é
uma verdade inegável e deve ser levada com precisão e fundamentação aos
Deputados e Senadores que irão, amanhar, votar o PL 5.807.
Infelizmente, graças a uma política equivocada do MME as junior companies estão
fechando as portas, mergulhando em grandes prejuízos e levando de roldão as
empresas prestadoras de serviço. No
evento da ADIMB isso ficou patente. Segundo
a ABPM as juniors que atuam no Brasil já demitiram mais de 1.500
funcionários. Muitas continuam capitalizadas, mas não podem investir em seus
projetos enquanto o DNPM não libera os alvarás. Outras
já abandonaram as áreas, projetos, os sonhos e o Brasil. Empresas
de sondagem já demitiram 1.200 profissionais e deverão demitir
muito mais se o DNPM não destravar os alvarás e o regime de prioridade. Os
números são estarrecedores, um verdadeiro circo de horrores que foi muito bem
colocado por João Carvalho, o presidente da Geosol em sua apresentação. A Geosol
e suas coligadas passaram de 44 projetos para quase a metade, 23. As demissões
variam de 40% na área da sondagem até 15% nos laboratórios. João Carvalho foi
enfático ao afirmar que o MRM é uma das maiores causas do desemprego no
setor mostrando claramente a ligação umbilical entre as prestadoras de
serviço e as junior companies. Outras
empresas de sondagem como a Energold também confirmam o pior: suas sondas que
antes de 2011 estavam 100% ocupadas estão hoje paradas. Os
efeitos deletérios do MRM e da paralisação das concessões na pesquisa, nas
junior companies e nas prestadoras de serviço foi a tônica do encontro. Fica
claro que não podemos sentar e aguardar que esse MRM seja votado, o que pode
ainda levar meses ou mais um ano. Se isso ocorrer os prejuízos serão
imensos e, no meu entender, totalmente desnecessários. Existem formas
de resolver este impasse. Sem penalizar mais ainda o País e a mineração. Deputado, a
CFEM pode ser
aprovada, as agências criadas,
mas o DNPM tem que liberar as outorgas de alvarás, a pesquisa mineral tem que
ser reativada, o código mineral revisto por setores realmente representativos e o
apagão mineral cancelado. Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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