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Minerador: cuidado com o destroyer
Publicado em: 13/06/2013 15:04:00
Por
Pedro Jacobi
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O minerador junior, em sua busca por fundos, frequentemente se depara com as mais variadas empresas, brokers, bankers, intermediários e por aí afora. Até aí tudo bem, pois isso faz parte do negócio.
Consequentemente, para você conseguir o seu financiamento serão necessários muitos roadshows, reuniões, conference calls, vídeo conferencias, encontros, almoços, jantares executivos e milhares de trocas de e-mails.
Não se assuste, pois é assim com todas as empresas que buscam financiamentos dentro ou fora do país.
E essa busca tem um preço considerável a ser somado aos já realizados.
Nesta tarefa a sua empresa deve ser representada ou por uma empresa especializada ou, no mínimo,
por um profissional experiente, exímio apresentador, que tenha excelente persuasão, que seja fluente em inglês e que tenha profundos conhecimentos do seu projeto e dos mercados e práticas internacionais. Mais ainda, o seu representante deve ter uma excelente reputação e ser conhecido no mercado internacional.
Sem essa pessoa a chance de que o seu projeto seja negociado, que levante fundos ou embarque em um IPO
bem sucedido serão mínimas.
É no momento que começam os roadshows e apresentações que aparece a figura mais potencialmente destruidora, aquele que pode afundar um projeto perfeitamente viável, o
destroyer: o falso expert.
É lógico que falar com experts de verdade sempre será um prazer, pois eles serão os primeiros a entender os pontos técnicos e os primeiros a
perceber a relevância e importância econômica do seu projeto. Mas não é desses experts que estou falando.
Eu falo é daqueles que se dizem experts, mas quase nada entendem do assunto. Daqueles técnicos sem profundidade, que repetem incessantemente algumas frases técnicas, herméticas, que aprenderam em orelhas de livros. Dos dogmáticos cuja latitude mental não abrange mais do que 1 grau...é destes que eu estou falando.
Esses destroyers, infelizmente, estão ficando cada vez mais frequentes. Com o
crescimento do business mineral a nível mundial surgiram muitas oportunidades
para analistas que podem ser preenchidas por um destroyer. Eles são, geralmente,
jovens inexperientes trabalhando como analistas para grandes corporações e serão
os primeiros a levantar pontos dogmáticos que se não forem torpedeados
imediatamente irão espantar o potencial cliente. O típico destroyer pensa mais
em marcar um ponto para si do que para o seu cliente. Ele quer aparecer as
custas de algumas poucas armadilhas que são colocadas no decorrer da reunião.
Felizmente, por não serem profundos conhecedores de quase nada, eles são
facilmente abatidos em um debate técnico, contanto, é lógico, que você esteja
preparado.
Nas minhas viagens tive o desprazer de lidar com vários destroyers.
Um deles, por exemplo, se dizia um “expert” em ferro e estava assessorando um grande broker de Vancouver. Nestes casos, quando do outro lado da mesa tem um dos maiores e mais importantes brokers do Canadá a última coisa que você espera encontrar é um desses destroyers de meia-tijela como assessor.
O ano era 2005 e o assunto um projeto de minério de ferro que tinha um excelente teor médio variando entre 58 a 64%Fe in situ. O minério era do tipo lump e poderia ser vendido sem maiores concentrações no mercado. Tudo andava as mil maravilhas quando o destroyer simplesmente disse ao seu superior, em voz baixa para não ser ouvido por mim, que esses teores não eram possíveis. Segundo ele nós estávamos mentindo, pois teores dessa ordem não se encontram na natureza.
Por mais insustentável e absurda que essa posição pareça o chefe, por não
entender de mineração, imediatamente acreditou no seu “expert” de plantão e já se preparava para concluir a reunião quando eu tive que contra-atacar.
Para nós brasileiros que conhecemos Carajás cujos teores são em torno de 64% e que sabemos calcular a quantidade máxima de ferro em uma hematita ou magnetita é facílimo arrasar com o argumento de um destroyer deste calibre. Não se surpreenda, mas é isso que tem que ocorrer, afinal o dito cujo estava detonando o nosso projeto simplesmente por não ter
experiência ou inteligência para calcular. O destroyer levou a pior mas o deal
foi pro brejo.
O exemplo mostra um profissional que não sabia nem soletrar a palavra ferro
assessorando um dos maiores brokers do Canadá. Um verdadeiro destroyer por
definição. Graças a ele a empresa dele perdeu milhões de dólares pois acabamos fazendo o IPO
mas com outros brokers.
Infelizmente, esses incidentes são cada vez mais comuns. Parece que os destroyers estão em plena procriação. O último que encontrei, foi em uma recente videoconferência dentro de um banco
Brasileiro. O dito “expert” a partir do primeiro minuto estabeleceu que para o
IPO de uma empresa de mineração as reservas deveriam ser medidas, nada
de indicadas e inferidas e que a empresa deveria já ter um BFS
(bankable feasibility study) pronto. Neste dia, como eu não estava com muita paciência ou interesse para argumentar eu
optei por não perder mais tempo e terminar a videoconferência.
Mas o que este destroyer colocava como mínimo para um IPO está longe de ser a realidade.
Era , na realidade a sua completa confissão de incompetência.
Na mineração existem IPOs de todos os tamanhos e formas. Desde um play, uma área com um certo potencial e sem sondagem até minas em operação
já produzindo. A latitude para os IPOs, no mundo, é enorme. O que varia é o capital que a sua empresa quer levantar. Foi assim que as bolsas de Toronto, Londres e Sidney cresceram, com IPOs de junior companies em busca de fundos.
No entanto, pouquíssimas das milhares de empresas de mineração que já fizeram os seus IPOs em uma das maiores bolsas do mundo a de Toronto,
por exemplo, tem um bankable feasibility study e tem suas reservas classificadas como medidas em um padrão 43-101 ou Jorc. Isso é um sonho que só um
destroyer poderia sonhar. É lógico que seria ideal que assim fosse. Ocorre que
quando a sua empresa faz o IPO ela está em busca de fundos exatamente para
melhorar a qualidade de suas reservas e finalizar o estudo de viabilidade
econômica.
No Brasil, por exemplo,
operam cinquenta empresas de mineração junior que fizeram o seu IPO na Bolsa de Toronto.
Olhando em detalhe eu não consigo ver nenhuma que tenha todas as suas reservas medidas e que tenha o bankable feasibility study pronto.
Até mesmo grande empresa brasileira como a MMX que fez um IPO bilionário na Bovespa não se enquadrava nas exigências deste destroyer. A MMX, naquela época, tinha furos espaçados de 200m e
a maioria das reservas consideradas inferidas (NI43-101) pela a SRK e, obviamente, estava longe de ter um bankable feasibility study. Até na mina de Corumbá, as reservas medidas da MMX, na época, eram menores que 10% dos recursos totais.
Mesmo uma giga mineradora como a Vale, que é a segunda maior mineradora do mundo não tem todas as suas reservas medidas.
Aliás, se a sua empresa tem um bankable feasibility study ela nem precisa de IPO pois os bancos do exterior terão o maior interesse em financiá-la, daí o termo
bankable feasibility study.
O fato é que os destroyers são assim mesmo. Como sabem pouco eles repetem os seus pequenos mantras, não
tendo profundidade ou capacidade de ver soluções ou alternativas para um projeto que não se enquadre no seu pequeno universo de conhecimento.
Eles, por desconhecimento e radicalismo acabam fazendo os seus empregadores
perder oportunidades e muito dinheiro.
Portanto, meu caro Minerador, quando for à busca de financiamentos tenha sempre um extremo cuidado com
o destroyer. Minha sugestão é: identifique e neutralize.
Autor:
Pedro Jacobi -
O Portal
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