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Marco Regulatório da Mineração: sem direito de prioridade todos perdemos
Publicado em: 17/08/2013 17:03:00
Por
Pedro Jacobi
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O Marco Regulatório da Mineração surpreendeu a todos, sem exceção. De um lado o
MME foi atingido por uma onda avassaladora de repúdio que ainda balança os
alicerces da mineração Brasileira.
Ficou provado que fazer um instrumento dessa importância, nos obscuros
escritórios do poder, sem consultar os mineradores e os segmentos envolvidos na
pesquisa mineral está sendo um erro crasso. Esse erro será contado em verso e
prosa por décadas como um “case” de como não fazer um código mineral. Se o MME
não reverter a situação, chamando para um debate democrático as junior companies
e as prestadoras de serviços que dependem da pesquisa mineral no Brasil ele
sairá desta equação como o grande perdedor. No final será o Ministro Lobão que
irá receber os maiores estilhaços dos erros de julgamento e estratégia que
caracterizam esse caso. Ele levará a culpa histórica dos malefícios desse MRM.
A falta de uma visão realista sobre os impactos do MRM na mineração, com a
inviabilização da pesquisa mineral, das junior companies e das prestadoras de
serviços é, no meu entender, o calcanhar de aquiles deste PL 5.807. O pior é que
se for aprovado com as emendas, o MRM ainda pode se tornar em um monstro pior do
que o original.
É assustador.
Como era de esperar a reação do setor foi imediata. Ao entregar o MRM à
Câmara em solenidade, o Ministro causou uma combustão espontânea que repercutiu
em todos os rincões do país onde existe um geólogo ou um minerador. Afinal, são
esses profissionais que estão sendo demitidos, não só pela ameaça do MRM que
ainda não se concretizou, mas principalmente pela mais esdrúxula de todas as
estratégias jamais montadas pelo MME na história do Brasil: a
paralisação das concessões de alvarás de pesquisa desde 2011.
Ao fazer esse absurdo, que se prolonga por quase dois anos, o governo
simplesmente extinguiu a pesquisa mineral no Brasil em apenas uma canetada. Esta
“estratégia” ainda poderá ser considerada um dos mais importantes crimes
lesa-pátria da atualidade. Perde, mais uma vez, o Ministério de Minas e Energia
que não vê ou não quer ver os efeitos nefastos desta política equivocada que
jogou na rua da amargura milhares de famílias, empresas e demais profissionais
do setor que perderam o seu ganha pão e veem um futuro sem esperanças.
A estas horas você deve estar se perguntando, horrorizado, por que os nossos
políticos nada fazem para mitigar esse sofrimento. Onde está a Presidenta Dilma,
que um dia já foi Ministra das Minas e Energia e que ainda é assessorada por
Geólogos e técnicos que deveriam ter uma visão clara dos estragos que o MRM faz
na mineração e por consequência no seu próprio Governo e País?
Por que não vemos nenhum paladino comprando essa briga e enfrentando o Ministro
e o MME? Um Ministro que diz publicamente que só pensa em aprovar o MRM o mais
rápido possível não dando chances que os grandes interessados possam expor e
debater os seus pontos de vista.
Afinal estamos em uma democracia não é?
Sinceramente, eu começo acreditar que por trás desse verniz democrático se
enraíza um movimento estatizante, ditatorial, que pensa controlar com mão de
ferro, os principais segmentos da economia brasileira. Como explicar que o MRM,
do jeito como nos foi imposto, é no fundo, um instrumento ditatorial que vai
engessar a mineração como um todo podendo determinar quem participa, quem
compra, quem vende, quem pesquisa e quem ganha?
Onde está a democracia e o direito de prioridade?
Com o MRM acabará o direito de prioridade, pedra fundamental na pesquisa mineral
moderna e democrática de todos os países onde a mineração é importante. Com o
MRM começa o regime de licitação onde o ganhador não precisa investir, não
precisa ter conhecimento técnico, só precisa ser grande e prometer pagar ao
Governo o maior bônus. Veremos o controle total e absoluto das grandes empresas
de mineração.
Mais uma vez o MME pisou na bola ao importar as regras que funcionam no petróleo
onde somente a Petrobras investe em pesquisa desde a sua fundação criando um
incrível acervo técnico, fruto de bilhões de dólares de investimentos em
pesquisa mineral, que é vendido aos interessados em participar das licitações
que ocorrem ocasionalmente.
Quem conhece a mineração sabe que simplesmente esse modelo não funcionará hoje
ou amanhã. Quem faz pesquisa mineral nesse país são principalmente as junior
companies que investem do seu próprio bolso, por décadas, criando os seus
próprios bancos de dados e seu acervo técnico. O nosso Governo através do DNPM e
CPRM quase nada fez nesses últimos 40 anos, ao contrário dos governos de
potências minerais mundiais como Os Estados Unidos, Canadá, África do Sul e
Austrália. Nestes países os governos e seus Departamentos de Prospecção
Geológicas os Geological Surveys, investiram muitos bilhões de dólares em
levantamentos básicos de geologia, geoquímica e geofísica que cobrem as
principais áreas de interesse desses países. Esses dados podem ser adquiridos
por qualquer minerador que terá nas suas mãos informação suficiente para iniciar
um programa de pesquisa mineral sem ter que fazer, ele mesmo, esses
levantamentos básicos.
Mesmo assim as junior companies desses países ainda investem bilhões de dólares
anualmente nas últimas décadas refinando e aprimorando os conhecimentos
geológicos na busca incessante dos jazimentos minerais. Lá, como aqui, o
financiamento desta pesquisa não vem do governo mas sim dos fundos que essas
junior companies conseguem levantar em bolsas ou com investidores e grandes
mineradores que já não mais fazem pesquisa mineral há décadas.
Mesmo com a forte presença e investimento dos governos em levantamentos
geológicos básicos, em todos esses países funciona o direito de prioridade.
O mesmo direito de prioridade que o MRM quer acabar no Brasil.
Você deve estar se perguntando por que esse direito de prioridade é tão
importante na manutenção da pesquisa mineral no Brasil e por que sem ele as
junior companies irão paralisar a exploração mineral e quebrar, levando com elas
os prestadores de serviços. Vou tentar explicar, abaixo, a ENORME
importância do direito de prioridade e a ENORME cegueira que
assola o MME que não consegue vê-la.
- Imagine investir em pesquisa e exploração mineral por anos, com
capital próprio, com risco total, sem nenhuma ajuda do Governo,
desenvolvendo seus conhecimentos, novos conceitos e projetos.
- Imagine que esses seus investimentos e conhecimentos o levem à uma
descoberta de uma jazida econômica que vai pagar todos esses anos de suor e
trabalho.
- Imagine que, agora conforme o novo MRM, a sua empresa tem que
informar ao MME que descobriu essa jazida espetacular.
- Imagine que neste momento o segredo industrial, o seu conhecimento
fruto de investimentos de anos vai ser tornado público e que qualquer
empresa poderá participar da licitação deste jazimento mineral fruto de sua
descoberta.
- Imagine que, apesar de tudo o que a sua empresa fez,
investimentos, empregos, desenvolvimento de know-how, pesquisa mineral por
anos sendo coroada pela descoberta desta jazida, que agora já é pública,
não vão lhe garantir absolutamente nenhuma vantagem nesta licitação.
- Imagine que o ganhador da licitação será definido pelo MME em um
processo obscuro sem regras bem definidas e claras que podem favorecer um ou
outro dependendo de como essas regras sejam determinadas.
- Imagine que um dos pontos mais importantes na definição do
ganhador dessa licitação é quem vai pagar o maior bônus ao Governo e quem
vai dar ao Governo a maior participação.
Esse é o absurdo que o MRM traz para dentro da pesquisa mineral no Brasil. É
essa ameaça que vai paralisar e desempregar todo o setor de exploração
mineral.
Nenhuma empresa de pesquisa mineral, em sã consciência, vai investir nessas
circunstâncias.
Você investiria?
Se esses pontos do MRM forem aprovados no Congresso iremos mergulhar no período
mais negro da história da mineração brasileira. Veremos o desmonte da pesquisa
mineral e o fim das descobertas que poderiam alimentar a economia do País no
futuro próximo. Pensar que a CPRM faça, nos próximos anos, o que a Petrobras fez
ao longo de sua história, acreditando que a complexa mineração das centenas de
minerais, metais básicos, ferrosos, industriais, terras raras e outros é igual a
extração do petróleo é ser simplista e incrivelmente ignorante. Acreditar que a
lavra e metalurgia destes minerais é coisa corriqueira e simples como a extração
do petróleoe é um insulto à inteligência
Mineração não é petróleo!
A economicidade da mineração varia de mineral para mineral, de lavra para lavra
de processo para processo. Essa complexidade não tem similar na indústria do
petróleo.Até o mais retrógrado defensor do MRM vai perceber, em pouco tempo, os
erros conceituais e estratégicos embutidos esse monstro que hoje ameaça a
mineração brasileira.
Autor:
Pedro Jacobi -
O Portal
do Geólogo

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