Por
Pedro Jacobi
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Em 2011, quando negociando com chineses, fiquei sabendo uma coisa incrível. Esta
empresa chinesa que estava interessada nas nossas áreas, estava transportando,
por balsas, o minério de níquel laterítico de 1,5%Ni, sem concentração, da
Indonésia para a China. Eu, obviamente, fiquei muito surpreso, pois um dos
paradigmas fixos nas mentes dos geólogos ocidentais é que o minério laterítico,
por ter baixa densidade e baixo custo por tonelada, não aguenta transporte.
Ao inquirir os chineses sobre a receita desta “mágica” eles simplesmente
disseram: gusa-níquel...
Os chineses estavam transportando um minério de níquel que tinha uns 30% de
ferro. Aí estava a solução: o minério era processado na China em uma planta de
gusa-níquel que recuperava o ferro e o níquel. Portanto somente o ferro pagava
toda a operação e o transporte e o níquel era o lucro da operação. Excelente,
criativo e inteligente.
As coisas evoluíram e hoje, existem várias firmas chinesas replicando
essa receita. As plantas de gusa-níquel proliferam na China, que já é a maior
produtora de gusa-níquel do mundo. O gusa-níquel é uma das principais matérias
primas das plantas de aço inoxidável da China e, possivelmente, o que faz essas
plantas serem econômicas. A produção chinesa de gusa-níquel, em 2013 será acima
de 400.000t.
Ocorre que a Indonésia está querendo colocar água na fervura e banir as
exportações de minério laterítico, o que pouco agrega ao país. A mensagem foi
passada e os chineses começam a implantar as primeiras plantas de gusa-níquel na
Indonésia.
E no Brasil? Esta seria uma solução inteligente para os nossos vários depósitos
de níquel laterítico que temos no Goiás, Pará, Piauí, Tocantins...