Chelyabinsk: um caso de panspermia?

Por Pedro Jacobi

Uma das mais aceitas teorias sobre a distribuição da vida no Universo é a da panspermia..Segundo esta teoria a vida é semeada por meteoritos,  cometas e meteoros em planetas ou outros corpos celestes do Universo,  prosperando sempre que o ambiente seja favorável.

Os meteoritos deixam um rastro de poeira  nos céus de Chelyabinsk. Um caso de panspermia?

Os  meteoritos e cometas são, muitas vezes, derivados da destruição de  planetas, luas e sistemas solares, uma coisa muito comum no nosso agressivo  universo. A panspermia prega que muitos fragmentos de corpos celestes, que  abrigavam a vida, podem ainda conter vida primitiva como bactérias e vírus, com  capacidade comprovada de suportar por milhões de anos as temperaturas extremas e  a ausência de oxigênio do espaço sideral.

Um dos mais intrigantes exemplos é o do meteorito Allan Hills 84001  encontrado na Antártica, possivelmente vindo de Marte, que contém estruturas  microscópicas tidas pela maioria dos cientistas como nano bactérias fossilizadas.

Em 1996 o cientista David MacKay publicou um artigo dizendo que as estruturas  de Allan Hills 84001 eram, na verdade nano bactérias fossilizadas.

Estruturas tidas por muitos como nano bactérias preservadas no meteorito  Allan Hills 84001 descoberto na Antártica

A polêmica sobre as nano bactérias continua ainda hoje, mas estudos de 1998  demonstraram que as nano bactérias conseguiam se replicar em culturas, sendo,  portanto algum tipo de organismo vivo. Muitos cientistas discordam e dizem que  as nano bactérias são minerais capazes de um tipo de reprodução...o que nos  parece com as primeiras definições dos vírus ou com uma nova definição de vida.

A cada dia que passa os cientistas encontram bactérias capazes de suportar o  frio e o calor extremo, viver sem oxigênio, se alimentando de sulfetos ou óxidos  de ferro, capazes de viver por um tempo enorme em condições nunca antes  pensadas. Descobrimos bactérias em fumarolas vulcânicas de alta temperatura nos  fundos oceânicos e em rochas extraídas a milhares de metros da superfície dentro  da crosta terrestre. Não nos parece difícil que estas bactérias possam  sobreviver uma viagem espacial dentro do gelo dos cometas ou de rochas  ferruginosas de meteoritos: assim como prega a panspermia.

No caso de Chelyabinsk a nuvem de poeira que se desenhou por dezenas de  quilômetros nos céus dos Urais poderia conter seres microscópios ainda ativos  como a teoria da panspermia prega.

A pergunta que se faz é: será que o meteorito de Chelyabinsk contém  microrganismos capazes de se reproduzir em ambiente terrestre. Neste caso existe  algum perigo de uma contaminação por um vírus ou bactéria desconhecidos?

Esta é a pergunta que muito astro biólogo deve estar se fazendo neste exato  momento. Mesmo que a poeira do meteorito de Chelyabinsk contenha microrganismos  é possível que esses já façam parte da coleção dos microrganismos terrestres.  Afinal, a Terra está recebendo poeira de meteoritos e cometas nos últimos  bilhões de anos, incessantemente e, possivelmente, já tenha coletado todo o tipo  dos organismos que ainda prosperam no nosso sistema solar e no cinturão dos  asteroides de onde vem a maioria dos corpos que eventualmente se chocam com o  nosso planeta.

Mas para ter certeza...é bom aguardar por algumas semanas as notícias de  Chelyabinsk.