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Níquel: aliança entre Vale e Glencore Xstrata visa salvar a indústria de níquel ameaçada pela China



Publicado em: 08/11/2013 15:24:00

 

Por Pedro Jacobi  
 

 

 



Os preços do níquel continuam caindo.
Desde 2011 os preços caíram mais de 50% em  um processo contínuo e inexorável (veja gráfico). Esta tendência coloca em xeque  as grandes produtoras mundiais como a Vale e a Glencore que veem seus lucros  desaparecerem e seus ativos desvalorizarem. É a hora de ser criativo, objetivo ou de fechar as portas. O que a Vale e a  Glencore Xtrata pensam fazer é uma aliança estratégica que visa fortalecer os  negócios criando sinergias em Sudbury no Canadá. Se forem bem sucedidas talvez  possam continuar vivas em um mercado competitivo que cada dia mais pende para a  China.

previsão aço inox
No futuro a China será a  grande produtora de aço inoxidável do mundo podendo sufocar os  competidores


Na realidade esta aliança é,  praticamente, uma declaração de guerra aos chineses que  estão literalmente matando os produtores de níquel como a Vale, Xtrata e a  Norilsk. Esses são incapazes de competir  contra os baixos preços gerados pelas plantas de gusa-níquel da China. O  gusa-níquel ou nickel pig iron é a grande evolução tecnológica que  permite à China, a maior consumidora de aço inoxidável do mundo, importar  minério laterítico de baixo teor de níquel e produzir níquel com preços abaixo  do mercado. O gráfico acima mostra a total dominação, no futuro, do aço  inoxidável chinês. Esta predominância é o fruto das dezenas de novas plantas de  gusa-níquel que estão revolucionando o setor.

Uma das primeiras empresas a produzir o gusa-níquel foi a China Steel em 2006.  Os engenheiros e metalúrgicos da China Steel desenvolveram um processo, similar  ao do ferro gusa que extrai o fósforo, enxofre, sílica e outras impurezas e  produz um gusa com 4 a 13% de níquel. Esse gusa-níquel é remetido para as  siderúrgicas chinesas que adicionam cromo e produzem o aço inoxidável que  corresponde a 70% do consumo chinês. Simples e barato.

produção
A produção de níquel-gusa  chinesa começou há poucos anos e cresce exponencialmente.

Os chineses mostraram que criatividade é a solução para muitos dogmas da  mineração e metalurgia. Os mineradores tradicionais como a Vale sempre se  conformaram em oferecer produtos dentro das especificações rígidas impostas por  seus compradores. Desta forma não investiram em projetos de baixo teor ou com  produtos deletérios como o fósforo. Esses foram execrados e abandonados por  serem " inviáveis" economicamente. Hoje, a inventividade chinesa dá um tapa na  cara dos retrógrados que não viram a oportunidade e não conseguiram produzir a  partir de minérios não tradicionais. O mesmo vai ocorrer com o ferro e,  eventualmente com o alumínio, onde outras fontes não tradicionais irão competir  de igual para igual com as tradicionais e as gigantes irão, aos poucos, perder o  seu enorme poder.

No aço inox o que se vê é um futuro controlado pela China.

A medida que o processo é refinado  e melhorado o gusa-níquel tende a sair da China e invadir  outros mercados. Isso vai colocar maior pressão na Vale, a maior produtora de  níquel do planeta. Daí a necessidade imediata de criar uma estratégia de  sobrevivência que a Vale e Glencore estão discutindo.

Essa aliança, infelizmente, já está com os dias contados pois a única forma de  bater os chineses é mudar radicalmente a metalurgia do níquel e produzir um  produto mais barato o que parece muito difícil para um Golias lento e arraigado  a dogmas como a Vale é.

Talvez a tática de guerrilha das pequenas plantas chinesas esteja pondo um ponto  final na hegemonia da mega-mineradora Vale.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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