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 O que o fracking pode fazer pelo Brasil?



Publicado em: 29/11/2013 19:08:00

Por Pedro Jacobi  
 

 


 
Fracking é a nova palavra    incorporada ao dia-a-dia americano e, muito possivelmente, será um neologismo, aqui no Brasil, a ser lançado no Aurélio. Trata-se de uma forma abreviada e    amigável do método de sondagem que usa o “hydraulic fracturing” (fraturamento hidráulico) onde os xistos são penetrados pela sondagem. Posteriormente, quando o furo atinge o alvo, é injetada uma solução a base de água com areia.    O fracking se dá em grandes profundidades, em furos horizontais, onde os poros e as fraturas estão fechados pela imensa pressão das rochas.
Se não fosse assim, em xistos mais rasos e pressão litostática menor, todo o gás contido já teria evaporado.
A pressão do fluido injetado pela sonda é enorme, fazendo que o xisto, apesar da profundidade, seja totalmente fraturado. As fraturas são imediatamente preenchidas pela areia o que evita que os poros e as aberturas causadas pelo fracking se fechem. Cria-se, portanto, uma permeabilidade artificial por onde o gás poderá então fluir até as tubulações e à superfície.
Do ponto de vista técnico o fracking é de uma simplicidade    extraordinária. Foi através desse método que os Estados Unidos estão revertendo a sua dependência energética em uma verdadeira revolução industrial. Em breve os americanos estarão exportando gás e óleo extraídos pelo fracking. O processo foi idealizado em 1949, mas somente em 1990 que George P. Mitchell conseguiu aplicá-lo, economicamente, no folhelho de Barnett.
De 2010 para cá mais de 60% de todos os furos para óleo e gás usam o fracking.
Somente nos Estados Unidos já existem mais de 144.000    poços que usam o fracking. Foi por intermédio desses poços que a produção americana aumentou em extraordinários 3,2 milhões de barris equivalentes de petróleo por dia.

Só para comparação, a produção de gás do xisto nos    Estados Unidos quando transformada em petróleo equivalente, é 50% maior do que toda a produção de petróleo do Brasil.

Essa revolução demorou menos de uma    década...
Aqui no Brasil estamos caminhando para os primeiros passos do fracking. As primeiras 72 áreas foram leiloadas ontem pela ANP e, a partir de agora, as empresas começarão as pesquisas que irão levar aos furos, ao    fracking e a um gás mais limpo e barato do que o do petróleo.

Nós temos um potencial simplesmente enorme quando o assunto é gás natural e óleo em rochas do tipo folhelhos. Enquanto nos Estados Unidos se falam em reservas de 24    trilhões de metros cúbicos de gás aqui nós não temos nenhuma estimativa correta.

O motivo?
Não temos estudos geológicos suficientes e testes dos folhelhos das nossas bacias que possam sequer fornecer um número    aceitável.
Mas isso não afugentou as empresas que entraram no leilão da ANP. Os nossos depósitos são tão imensos que um breve trabalho regional é o suficiente para verificar, a grosso modo, o potencial de uma unidade. O fato é    que temos um potencial energético muito maior do que o existente nos campos de petróleo convencionais como os do pré-sal.

Esse potencial pode, agora, ser transformado em riquezas.
 
no fracking

Neste    caminho veremos muita controvérsia.

O maior problema que o fracking enfrenta vem dos grupos ambientalistas (foto) que pregam que o fracking pode contaminar as águas subterrâneas. Eles estão baseados em casos esporádicos que    ocorreram nos primórdios do fracking, mas que infestam a cabeça da maioria.  

Até nos Estados Unidos onde os preços do gás e do combustível caíram devido ao fracking, muitos ainda são reticentes. É o caso do Estado de Nova York onde o fracking foi banido. Trata-se de uma jogada política onde a    hipocrisia aflora como a ponta de um iceberg.
Em Nova York existe um programa chamado de “aquecimento limpo”, que encoraja os donos de prédios a usar o gás   ao invés do óleo.
É uma solução mais limpa e 50% mais barata.
A hipocrisia está no fato de que o gás barato vem, quase todo, do estado vizinho da Pennsylvania onde é extraído pelo fracking do folhelho Marcellus....Dois pesos, duas medidas.

Como o fracking ocorre em grandes profundidades toda a    fratura que não for preenchida por areia imediatamente, será fechada pela enorme pressão litostática. Ou seja, como a quantidade de areia é pré-calculada não há como preencher fraturas com milhares de metros de    comprimento até a superfície onde ficam os reservatórios de água subterrânea.    Somente as fraturas razoavelmente próximas ao cano da sondagem serão preenchidas por areia.
O problema de perda de gás fica então restrito aos    canos da sondagem que atravessam os reservatórios de água subterrânea. Esses, são cimentados de uma forma que impede o escape de gases. Apesar disso a maioria dos vazamentos de gás estudada está ligada aos furos mal cimentados e mal impermeabilizados.

Estudos feitos pelo MIT, uma das melhores universidades do mundo, mostram que em mais de 20.000 furos sondados, há dez anos, onde o fracking foi usado, apenas uma dúzia deles apresentaram    contaminação. Em todos estes casos as falhas se deviam a quebra das regras de segurança. Ou seja, a contaminação, segundo o MIT, é uma exceção.
As empresas estão aumentando os custos em 7% só para selar adequadamente os furos    de sondagem. Em breve a contaminação, se houver, será muito rara.

Aqui no Brasil, como estamos no início, temos todo o tempo do mundo para fazer a coisa    certa, evitando cometer os erros que já foram cometidos nos Estados Unidos nessas últimas décadas. Se o Brasil não tiver um dos menores índices de contaminação do mundo será porque o nosso Governo não regulou adequadamente o    setor obrigando as empresas ao uso de procedimentos de última geração.

  Foto: The Economist


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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