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Moatize: dúvidas sobre a economicidade do projeto



Publicado em: 22/12/2012 15:50:00

   

By         Pedro Jacobi

Os depósitos de carvão de Moatize em Moçambique estão entre os maiores e melhores do mundo. Trata-se de um projeto que irá colocar a pequena economia africana no mapa mineral mundial. Consequentemente  as gigantes Vale e Rio Tinto estão investindo bilhões de dólares para torná-lo uma realidade.
No entanto o grande problema de Moatize não é a qualidade do seu carvão mas a logística.
Hoje a jornada entre as minas até o porto de Beira, de 600km, é dividida em trechos servidos por caminhões e por ferrovia o que é impraticável e caro. O porto de Beira é raso e obriga os exportadores a fazer um novo transbordo, para navios de maior porte, em pleno mar. A ferrovia Sena que liga as minas de Moatize em Tete até Beira está sendo reformada e melhorada.  Estima-se que essa ferrovia transportará, inicialmente, 6 milhões de toneladas de carvão ano a partir de 2013 dobrando para 12 milhões de toneladas em 2018. Mesmo assim existem planos para duas linhas férreas adicionais que irão ao porto de Nacala. A Vale que já investiu 2 bilhões de dólares na mina de Moatize prepara-se para investir seis bilhões adicionais na melhoria da ferrovia de 900km que liga a mina à costa.
Esses mega-investimentos estão sendo assombrados  por um fantasma que assola a mente dos executivos da Vale e Rio: o preço do carvão. Os preços praticados pelo mercado mundial sofreram baixas consideráveis e ameaçam inviabilizar Moatize.
Calcula-se que o carvão de Moatize deve chegar ao porto com um custo máximo abaixo de US$100 para remunerar o Projeto à uma taxa interna de retorno aceitável. Hoje os preços do carvão estão em torno de $150/t. A perspectiva é assustadora.
. No entanto a história mostra que grandes projetos podem ser incrivelmente resistentes. Um grande exemplo é o Projeto Carajás. Em 1981 a Shell estava tentando comprar Carajás e os estudos de cash flow nos mostraram uma taxa interna de retorno de apenas 7%. O que mais penalizava Carajás, naquele momento, era a ferrovia que ligava a mina ao porto de Ponta de Madeira.
Apesar de nosso parecer contrário os geólogos da Shell-Billiton chegaram a conclusão que existia um grande risco do projeto ficar no break even por muito tempo. Isso afastou a Shell e Carajás ficou com a Vale…Todos sabemos o que aconteceu. Hoje a Vale é a segunda maior mineradora do mundo e os acionistas da Shell mal sabem o que perderam pela incapacidade de poucos…
Moatize, como todo o grande projeto tem inúmeras oportunidades de redução de custos e de re-engenharia. Em um mundo com a China crescendo a 7.5% e os EUA a 3.5% não há como errar. Vai ser um sucesso.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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