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Publicado em: 28/12/2011 16:46:00

Por Pedro Jacobi
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A  mineração é frequentemente apontada como uma das indústrias mais poluidoras e  devastadoras do meio ambiente.

Essa  percepção é fruto das muitas cavas abandonadas pelos mineradores mas está muito  longe da realidade. Existem atividades como a agricultura e as fazendas de gado  que acabam com as florestas e com o cerrado devastando áreas dezenas de milhares  de vezes maiores do que um empreendimento mineiro. É só atravessar o Estado do  Mato Grosso entre Cuiabá e o Pará e procurar por uma árvore sequer: tudo foi  devastado pelos empreendimentos agropecuários.

A  imagem de satélite abaixo demonstra claramente esse fato.

Neste  caso a única área verde desta imagem tem 18.000 quilômetros quadrados de  florestas preservadas. Esta reserva é cercada por fazendas que devastaram,  somente nesta região, centenas de milhares de quilômetros quadrados.

Por  incrível que pareça essa área verde é onde está situada  a maior mina de ferro do mundo a mina de Carajás. Neste caso a mineração  preservou e não o contrário.

Toda a  área preservada, em verde é uma reserva natural criada pela Vale em volta dos  seus empreendimentos mineiros. Por sinal as minas da Vale mal são percebidas  nesta escala.

Infelizmente a área que não é protegida pela mineração foi totalmente devastada  não pela ação das fazendas de gado que acabaram, literalmente, com a floresta.

 

carajas 

A  cava principal da Vale, onde foi removida a vegetação original pode ser  vista e comparada com as áreas devastadas


Não há  como comparar... a cava é menor do que a menor fazenda que circunda Carajás. Ao  contrário destas fazendas a mineração produz bilhões de dólares de renda,  milhares de empregos e milhões em impostos.

Ao  contrário do que é propagado por muitos desavisados a mineração, quando  comparada com outras indústrias, felizmente é uma das que menos polui e que  menos impacta o meio ambiente além de gerar mais riqueza por área trabalhada.

O que  existe é uma percepção bastante arraigada que é repetida em verso e prosa por  muitos inclusive aqueles que deveriam ser mais cautelosos e precisos como os  nossos políticos.

Um bom  exemplo desta falta de conhecimento e de precisão ocorreu em entrevista dada à  TV Câmara pelo Deputado Jaime Martins do PR de Minas.

Nesta  entrevista o Deputado discorre sobre a mineração e sobre o novo Marco  Regulatório da Mineração como um verdadeiro expert.

No  entanto ele mostra que não fez o dever de casa ao dizer que a indústria do  petróleo “praticamente não traz danos  ambientais” e que a mineração é “altamente degradadora do meio ambiente”.

O  Deputado estava levantando uma tese que mineração por ser “altamente degradadora  do meio ambiente” mais do que a do petróleo, ela deveria contribuir mais.

O  referido cidadão ia além, dizendo que quer enquadrar a mineração na  “participação especial” como no petróleo só que no caso da mineração o  percentual deste novo tributo, nas palavras do Deputado Jaime, seria de “no  mínimo” 20%”.

Em  outras palavras, o nobre deputado parece querer é acabar de vez com a mineração.

Não  conheço empreendimentos de mineração que poderiam aguentar mais 20% de tributos  sobre os enormes custos operacionais e os riscos e oscilações de mercado. Essa  proposta, que não deve ser aceita, pois existem pessoas capazes no Congresso,  seria um desastre.

Nota: O Portal do Geólogo enviou um email para o Deputado Jaime Martins em 6/6/2013,  contendo esse assunto para que o mesmo pudesse se defender e elaborar mais sobre  as suas afirmações, mas o deputado desconsiderou e preferiu não responder, o que  é muito comum entre os políticos que esquecem que são eleitos e que devem  prestar contas dos seus atos à população.

Aproveitamos o gancho e vamos começar demonstrando que, ao contrário do que o  Deputado Jaime Martins fala, os desastres ambientais causados pela indústria do  petróleo são muitas vezes maiores e mais impactantes ao meio ambiente do que  aqueles causados pela mineração.

A lista  é vasta e os desastres ambientais causados por vazamentos, acidentes, mau  gerenciamento dos campos petrolíferos são enormes e geralmente afetam grandes  áreas medidas em milhares de quilômetros quadrados. Uma mineração de grande  porte, e nível mundial tem cavas que raramente excedem 5 quilômetros quadrados.  Ou seja as escalas entre o petróleo e a mineração são muito diferentes ao  contrário do que pensa o nosso representante.

 cava carajas

Veja na imagem que a cava de Carajás a maior mina de ferro do mundo  tem apenas 26 quilômetros quadrados

 

Abaixo  seleciono alguns exemplos de acidentes ambientais, de grandes proporções,  causados pela indústria do petróleo. Felizmente não existe na mineração nada com  essa dimensão e impacto ambiental.

Delta do Niger:  o delta do Rio Niger na Nigéria tem 70.000 quilômetros quadrados ou 7,5% da área  do país com uma importante biodiversidade. O delta contém mais espécies de  peixes do que qualquer outro ambiente na África. Os constantes acidentes com  vazamento de petróleo durante as operações petrolíferas estão destruindo os  mangues, a vegetação a fauna, a agricultura e a saúde dos habitantes desta  região. Trata-se de um desastre de proporções continentais causado pela  indústria do petróleo.

Somente  entre 1976 e 1996 ocorreram 4.835 acidentes com vazamento de mais de 2,4  milhões de barris de petróleo no meio ambiente atingindo milhares de  quilômetros quadrados. Imagine as consequências e desdobramentos destes  acidentes.

O Lago Agrio

O  local, no Equador,  é conhecido  pelos sérios problemas ambientais causados pelos vazamentos de petróleo que  destruíram o meio ambiente. Foram 16  milhões de galões de petróleo cru que contaminaram outro tanto de água em um  desastre considerado um crime contra a humanidade. As multas superam os 18  bilhões de dólares.

Exxon Valdez

O  desastre ambiental causado pelo petroleiro Exxon Valdez em 1989, que lançou 750.000 barris de petróleo nas águas  do Alasca é considerado um dos maiores desastres causados pelo Homem. O óleo  afetou o meio ambiente, peixes, plâncton, aves e mamíferos de uma enorme região.

No  processo de limpeza que durou mais de 20 anos vários produtos químicos usados  poluíram mais ainda as águas afetadas causando mortes e contaminações ainda hoje  em estudo.

Em  consequência dos desastres causados por exploração de petróleo no mar foram  criadas leis e políticas especiais que tentam prevenir e minimizar tais  acidentes.

Outros  grandes desastres ambientais relacionados à indústria química como Minamata, acidentes nucleares como Chelyabinski e Chernobyl, destruição  das matas pela ação do Homem e por aí afora são muito mais significativos que os  da mineração.

Isso  não quer dizer que a indústria da mineração não polui ou degrada.

As  minas antigas, quase todas, deixaram um passivo ambiental na forma de cavas  abertas, barragens de rejeitos e escavações que são um desserviço à população e  aos mineradores modernos.

Essas  empresas deveriam ser obrigadas a  retornar e recuperar a terra degradada terminando com a poluição visual  frequente, que todos herdamos, como as que vemos nos arredores de Belo  Horizonte.

 aguas claras

Em BH, por exemplo a cava e rejeitos de jazidas como a de Águas  Claras da MBR, permanece escancarada sem nenhuma recuperação  ambiental.

 

Hoje a  mineração responsável recupera o meio ambiente sempre que termina uma operação  mineira. Isso é uma obrigação que vem sendo cumprida à risca pelos mineradores  sérios.

Aliás,  existe na Constituição, artigo 225, parágrafo 20  uma determinação bastante clara que determina : “Aquele que explorar recursos minerais  fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução  técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”

Ou  seja, os mineradores, antes de iniciar o projeto mineiro devem apresentar os  relatórios ambientais e, depois da operação mineira concluída, se  responsabilizar pela reabilitação da área degradada.

Cabe  aos órgãos competentes monitorar, exigir e punir os infratores.

Todo o  minerador sério já aloca no seu primeiro estudo de viabilidade econômica e de  fluxo de caixa os recursos e custos para a recuperação ambiental da área que  poderá ser degradada durante a lavra.

A  mineração tem incontáveis casos de sucesso em recuperação ambiental de suas  minas no mundo todo. Nesta briga de mocinho e bandido com certeza os mineradores  não são os maiores vilões.

Minerador, faça a sua parte e invista na recuperação de sua  mina.


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

 
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