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Folhelhos a salvação energéticaPublicado em: 29/06/2015 16:42:00
Os campos petrolíferos chineses estão secando.
Os números desta revolução energética são maiúsculos. Mas, ainda existe, na própria China, um imenso potencial energético quase sem desenvolvimento, a espera dos investimentos, que estão chegando: é o gás dos folhelhos. A China, assim como o Brasil, Argentina e Estados Unidos, são detentores de imensas reservas de folhelhos (xistos) com hidrocarbonetos. Nos Estados Unidos, o país que literalmente inventou a exploração e produção do gás e petróleo destes folhelhos, a revolução econômica é uma realidade tão extraordinária que mudou para sempre a paisagem econômica da maior potência mundial. Na China esta revolução está apenas começando. Os mapeamentos geológicos identificaram várias bacias sedimentares onde volumes gigantescos de folhelhos potenciais foram acumulados. São os folhelhos de Yangzi, Yunnan, Guizhou e Guangxi assim como nas regiões leste e nordeste do país. Desde 2009, quando a exploração para o gás dos folhelhos começou, as reservas já se acumularam em 130 bilhões de metros cúbicos. Os chineses estão satisfeitos com os resultados promissores e se gabam de ter uma das maiores reservas do mundo, em torno de 1,3 quatrilhões de pés cúbicos de gás. Estes recursos são superiores aos dos Estados Unidos somados aos do Canadá... um volume impressionante que anima os chineses a fazer grandes planos para o futuro. Já em decorrência destas descobertas, em 2012, foi feito o plano de 5 anos para o Gás dos Folhelhos da China. O principal objetivo deste plano é alcançar, com o gás dos folhelhos, a marca de 10% do consumo energético da China em 2015 atingindo uma produção anual, em 2020, de 30 bilhões de metros cúbicos por ano. A China atraiu investidores e exploradores estrangeiros, em busca de financiamentos e know-how, acelerou a liberação de licenças (o Brasil bem que podia aprender com eles...) e em 2014 mais de 400 furos exploratórios haviam sido feitos. A produção de 2014 atingiu em torno de 4 bilhões de metros cúbicos mostrando o acerto do esforço chinês e a viabilidade do plano de 5 anos. Com as políticas do gás do folhelho os chineses pretendem imprimir um crescimento rápido e saudável do setor, gerando uma energia limpa, aumentando o uso doméstico do gás natural e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. O Governo está criando incentivos e redução de impostos àquelas indústrias que irão migrar para o gás ao mesmo tempo em que investe em novas tecnologias para baratear os custos exploratórios do hidrocarboneto. A exploração está banida em reservas naturais, áreas de conservação das águas e áreas com riscos geológicos. Os proprietários de terras poderão, também, explorar os recursos. Em paralelo o Governo está criando um ambiente competitivo através de leilões públicos de blocos de áreas para a exploração. As empresas internacionais com tecnologia avançada estão sendo encorajadas a entrar em joint-venture com as empresas chinesas, uma forma de evitar a competição desleal e de transferir o know-how. As empresas produtoras terão isenção dos royalties além de receber os incentivos previstos pelas leis. Com todos esses dispositivos e facilidades os chineses estão rapidamente rumando para o topo da lista dos maiores produtores de gás do planeta, assustando, mais uma vez os membros do cartel da Opep que até então reinavam soberanos. São mudanças de grande impacto econômico que estão diretamente ligadas a um fabuloso recurso geológico: o folhelho. O mesmo folhelho que nós brasileiros dispomos, mas que pouco ou nada sabemos sobre os recursos de gás e óleo nele existentes. O nosso desconhecimento é fruto de uma total falta de investimentos em exploração e pesquisa. Estamos atrasados e continuamos apostando em modelos antigos e campos petrolíferos de águas super profundas do Pré-sal, onde os custos operacionais, de muitos campos, são proibitivos aos preços atuais do barril de petróleo. Temos que transportar o nosso gás, ainda importado da Bolívia, por milhares de quilômetros de gasodutos, enquanto no interior do nosso país jazem volumes imensos de folhelhos que poderiam estar produzindo riquezas e empregos. Enquanto o resto do mundo já evoluiu e faz uma exploração moderna, limpa e virtualmente sem poluição os nossos técnicos e políticos ainda discutem os erros feitos há décadas nos Estados Unidos, que já foram corrigidos e, hoje, fazem parte do passado. O pior subdesenvolvimento é aquele que aqui ocorre: um país rico onde a população miserável não consegue usufruir da riqueza do subsolo por falta de qualidade de seus políticos corruptos, míopes e despreparados. Autor: Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo
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