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A corrupção e o empresário brasileiro. Valeu a pena?
Publicado em: 24/05/2016 17:56:00
Todo o empresário brasileiro honesto sabe que na vida de qualquer projeto bem sucedido vai existir um momento em que um político ou um funcionário público, ligado a grupos políticos, vai aparecer e achacar.
Infelizmente essa é uma máxima de um Brasil completamente exposto a uma corrupção endêmica. É assim na mineração ou em qualquer outro setor da economia nacional.
Apesar do foco da mídia estar hoje concentrado nas estatais, onde nada se resolve sem a propina e a benção das quadrilhas que tudo controlam, a mesma corrupção grassa em todos os cantos e em todos os segmentos da economia.
Basta existir dinheiro e um processo em andamento que, como do nada, atraídos pelo ganho fácil, surgem os ratos.
Tudo começa com um processo emperrado em algum lugar da máquina pública. Depois, sub-repticiamente, vem o achaque, a mordida e a propina. Se você não ceder, assim como a maioria dos empresários que eu conheço, você vai continuar a dormir bem, mas todo o processo vai se tornar lento, penoso e, muitas vezes, impraticável.
A maioria dos empresários não foi corrompida, mas milhares tiveram que fechar as portas. As estatísticas são duras e desanimadoras neste país corrupto até os ossos.
Mas, se você é daqueles que aceita “flexibilizar” os seus conceitos éticos e morais, jogando no lixo a cidadania e a honestidade, assim como fizeram as grandes empreiteiras que hoje respondem na Lava Jato, então tudo estará (aparentemente) resolvido.
As concorrências serão ganhas e o dinheiro irá fluir aos borbotões.
Você, o empresário corrupto, estará vivendo em um mundo utópico, sem concorrências, amparado por batalhões de políticos, advogados e até juízes.
Basta destinar entre 3 a 20% de seus ganhos, obviamente superestimados, para as quadrilhas de sanguessugas, partidos, políticos e agregados, que tudo estará solucionado.
É dinheiro sujo, mas fácil, o verdadeiro Eldorado Brasileiro! A mola que propulsionou as maiores empresas do país nas últimas décadas.
A Odebrecht, por exemplo, recebeu do BNDES, entre 2007 e o início de 2015, graças aos “contatos” escusos nas altas esferas (para muitos investigadores graças às propinas pagas ao Lula), cerca de 70% de todo recurso destinado a obras de empresas brasileiras no exterior.
Dos R$ 12 bilhões emprestados pelo banco com essa finalidade, R$ 8,2 bilhões foram para o grupo Odebrecht.
Em um país gigantesco como o Brasil essa concentração de “benesses” só pode significar uma coisa: corrupção.
E não estamos nem falando da roubalheira da Petrobras, ou da área da energia, das refinarias e hidroelétricas onde a referida empreiteira também se locupletou e onde os números associados às concorrências ilícitas são astronômicos, superando centenas de bilhões de dólares.
Muitos empresários caíram na tentação e participaram deste esquema criminoso que parecia estar acima da lei. Afinal, foram décadas de impunidade onde centenas de bilhões de reais foram distribuídos para pouquíssimos players.
Uma vergonha que ficará gravada na história deste país. Um país que seria absolutamente melhor se o dinheiro da corrupção tivesse sido destinado aos seus cidadãos.
Mas, como em toda a história de bandidagem, sempre existe um momento em que o crime deixa de compensar.
E os primeiros sinais de anormalidade aconteceram quando estes empresários criminosos perceberam a chegada de um grande número de “novos sócios” que se multiplicaram ao longo dos anos, a medida que o dinheiro fluía.
A partir deste momento, o empresário preso na teia da corrupção, passa a ser controlado pelas hordas de políticos e de burocratas, criminosos de todos os tamanhos: os seus novos donos.
Isso mesmo! Este é um dos efeitos colaterais da corrupção, que se torna mais evidente agora, que muitos empreiteiros pervertidos choram no colo de Sérgio Moro ou nas celas de Curitiba enquanto fazem os seus acordos de leniência.
Não existia o lanche grátis!
Aqueles que saqueavam as empresas e instituições brasileiras por décadas se tornam alvos do mesmo esquema criminoso que alimentaram.
A volta à realidade está sendo atroz.
A Mendes Junior, uma das grandes empreiteiras do Brasil, está em recuperação judicial, sem obras, com um imenso passivo e um pátio repleto de equipamentos em processo de deterioração.
A Odebrecht, que financiou 314 políticos de 24 partidos, já perdeu mais de 5 bilhões de dólares e vai perder muito mais enquanto vende seus ativos de grande liquidez.
Até a Petrobras, no seu justo direito, pretende receber mais de um bilhão de reais das empreiteiras que um dia a saquearam. A mesma Petrobras que até pouco tempo atrás, tapou os olhos à corrupção interna que era facilmente identificável...
Os desdobramentos atingem as próprias saqueadas como a Petrobras, a Eletrobras e seus executivos que serão, eventualmente, punidos por crimes de responsabilidade, faltas de transparência, de compliance, gestão fraudulenta e por não divulgarem a corrupção que destruía as finanças das empresas.
Mas, como sempre, o maior atingido é o povo, o cidadão desprotegido, pois as grandes empresas vão sobreviver e continuar grandes, mesmo na desgraça.
A corrupção e a má gestão de um governo que se lambuzava no dinheiro de propinas destruiu empresas, a infraestrutura do país, a saúde, o emprego e as perspectivas futuras de centenas de milhões de pessoas.
Muitos morrem nas filas dos hospitais que se tornaram casa de horrores e dezenas de milhões estão sem emprego, sem perspectivas, a espera de um milagre.
Valeu a pena?
Autor:
Pedro Jacobi -
O Portal
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